Folha de S. Paulo


PM culpa Ministério Público por falta de policiamento em estádio de Santa Catarina

Em nota divulgada nesta segunda-feira (9), o comando da Polícia Militar em Santa Catarina declarou que não colocou policiais dentro da Arena Joinville, onde torcedores do Atlético-PR e Vasco se enfrentaram no domingo (8), em respeito a uma ação civil pública do Ministério Público que pede que a Justiça proíba a participação de policiais militares "em atividades que fujam da competência constitucional da Corporação".

"Segundo o Ministério Público, é ilegal a destinação de agentes públicos para a proteção do trio de arbitragem e de bens e instalações. Outra atividade tida como ilegal vem a ser a destinação de policiais para compor a chamada barreira que divide os torcedores. O Ministério Público entende que essa atividade é da competência dos organizadores do evento, portanto, de cunho privado, e por eles deve ser exercida", diz texto assinado pelo coronel Nazareno Marcineiro, o comandante da PM.

Marcineiro destacou que "o comando local de policiamento se absteve de atuar naquilo que foi considerado ilegal pelo Fiscal da Lei (Ministério Público), até porque o administrador público estaria sujeito a responder criminal e civilmente ao capitanear um ato tido como ilegal pelo Fiscal da Lei".

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Segundo o comandante, a PM escalou 113 policiais militares para "policiamento ostensivo a pé, de trânsito, montado, de resgate médico, motocicletas e aéreo" e "tão logo configurou-se a quebra da ordem pública, a Polícia Militar agiu de pronto, inclusive com o resgate aéreo de torcedores feridos".

"Ao todo, aproximadamente 180 policiais militares foram empregados para a continuidade do jogo, sem registro de mais incidentes", acrescenta a nota.

O Ministério Público em Santa Catarina informou que foi mal interpretado pela Polícia Militar em sua proposta de regular o policiamento na Arena Joinville.

O promotor Francisco de Paula Fernandes Neto informou, via assessoria, que a ação ainda é só uma proposta, que não foi apreciada pela Justiça e que, se tivesse sido aceita, só seria aplicada em 2014.

No domingo, logo após a confusão o comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar de Joinville, Adílson Moreira, disse que o esquema de segurança adotado no jogo, no qual seguranças privados tomavam conta das torcidas, estava de acordo com o padrão adotado na Arena Joinville.

De acordo com Moreira, o clube paranaense era o responsável por contratar seguranças.

Ainda segundo o oficial, esse esquema já havia sido aprovado pelo Ministério Público de Santa Catarina e implementado no jogo Atlético-PR e Náutico, no dia 24 de novembro, pela 36ª rodada do Brasileiro e a segurança.

O comandante disse que os torcedores foram ao estádio dispostos a brigar e que pouco poderia ser feito contra isso. "Estava tudo dentro da normalidade, mas isso já ocorreu em diferentes estádios. Se houvesse o policiamento, ocorreria da mesma forma", afirmou.

TRANSFERÊNCIA

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil em Joinville. Três torcedores do Vasco detidos em flagrante no domingo foram transferidos nesta segunda-feira (9) ao presídio de Joinville.

Eles foram indiciados por tentativa de homicídio, associação para o crime e incitação da violência, segundo o delegado Dirceu Silveira.

"Há vários outros envolvidos, e a polícia está empenhada em identificar todos os partícipes do evento", disse o policial. A polícia recolheu filmagens da briga, e espera indiciar outros torcedores em dez dias.

Os três detidos no domingo à noite foram pegos pela Polícia Militar na saída do estádio. Um deles estava no banheiro do ônibus que o levaria ao Rio de Janeiro.

O governador Raimundo Colombo (PSD) classificou de "terrível" a briga de torcedores em Joinville e, segundo sua assessoria, determinou a abertura de uma sindicância para apurar "se houve falha no policiamento".


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