Folha de S. Paulo


Felipe França tenta reação após 'quase depressão' pós-olímpica e engorda de 20 kg

Felipe França estava entre as principais apostas de medalha da delegação brasileira para a Olimpíada de 2012.

Na condição de campeão mundial dos 50 m peito -prova não olímpica-, repetia à exaustão que só tinha uma ideia na cabeça: conquistar a medalha de ouro nos 100 m peito nos Jogos de Londres.

O nadador ficou longe do objetivo. Acabou eliminado nas semifinais da prova.

Seus problemas, porém, estavam apenas no começo.

Poucos dias depois do fracasso no Reino Unido, ele cindiu com o técnico, Arilson Silva, que o treinava há anos.

Perdeu a vontade de treinar e nadar, e, em pouco tempo, seu peso explodiu.

França, que sempre "brigou" com a balança, engordou 20 kg em cerca de seis meses. Passou dos 96 kg com que competiu em Londres para 116 kg. Como comparação, quando se sagrou campeão mundial em 2011, tinha 105.

Entrou no que nomeou um "estado de quase depressão".

Alexandre Rezende/Folhapress
O nadador Felipe França posa em frente à piscina externa do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo
O nadador Felipe França posa em frente à piscina externa do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo

Além da quase depressão e da engorda, o nadador ainda teve de lidar com outra crise física. Pouco antes de viajar para a Olimpíada, descobriu que sofria de tendinite patelar em seus dois joelhos.

O problema é idêntico ao que tirou o campeão olímpico Cesar Cielo das piscinas por meses devido à cirurgia. A diferença é que França descartou passar por operação.

"Só não entrei em depressão porque Deus estava olhando por mim, com a ajuda de meus pais e da minha esposa", afirmou à Folha o nadador, que defende o Clube Pinheiros, de São Paulo.

Silvia, com quem se casou pouco depois dos Jogos, foi quem segurou a barra. "Por sorte me casei, e isso apaziguou tudo: a tristeza, a decepção e a frustração que tive", completou o nadador.

A volta ao ritmo normal foi lenta. França demorou a perder o peso obtido e pagou o preço nas competições.

Longe dos melhores tempos, ele perdeu a vaga na seleção brasileira para o Mundial de Barcelona, que ocorreu entre julho e agosto passado e foi disputado em piscina longa (de 50 m).

"Pensei que perderia meu patrocínio dos Correios, já que não era mais nadador da seleção. Mas felizmente ele permaneceu", afirmou.

Em agosto, ele passou a ser treinado por Sérgio Marques, adotou uma dieta formulada por nutricionista e mudou hábitos ruins. "Mudei o horário de almoçar, de comer antes do treino, pós-treino, um pouco de tudo. Estou tentando dia após dias vencer os treinos e me disciplinar."

A nova rotina já surtiu efeito na balança. França afirmou que atualmente está com cerca de 97 kg, e que pretende chegar a 93. "É o peso que quero ter na Olimpíada do Rio, em 2016."

O nadador foca 2014 como um ano crucial em sua ressurreição. Ele pretende obter classificação para disputar as provas de 50 m e 100 m peito no Mundial em piscina curta (25 m), em Doha, no Qatar.

"Quero tentar um recorde mundial no Mundial. Pela minha característica de curta é possível. Quero fazer um tempo que dure uns dez anos", afirmou França, otimista.

O caminho é longo, mas seu currículo prova que a possibilidade existe. Em 2009, ele bateu o recorde mundial dos 50 m peito em pleno parque aquático Maria Lenk, no mesmo Rio de Janeiro que será sede dos Jogos de 2016.


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