Por melhores que sejam os números correspondentes a um atleta nos relatórios do Departamento de Matemática e Estatística, eles não decidem sobre sua permanência na Ponte Preta.
"Não conheço equipe nenhuma no Brasil que proceda dessa forma. Prevalece a forma tradicional, a influência de empresários, e às vezes o jogador não tem o perfil daquela equipe", lamenta Laércio Venditti, chefe do grupo de pesquisa ponte-pretano.
Ele sonha criar um centro de análise de desempenho com um banco de dados sobre atletas de outros times, para orientar contratações dentro de um patamar que o clube possa pagar.
Essa ideia, aplicada no beisebol dos EUA, foi contada no filme "O Homem que Mudou o Jogo", de 2011. "A gente está longe de atingir esse patamar, mas isso é possível", acredita o matemático.
A principal tarefa do seu departamento tem sido o "controle de qualidade" do futebol da Ponte Preta. Não basta reunir números, o grupo busca decifrar onde, em que circunstâncias e com que grau de correção ocorrem os eventos no gramado. Como trocas de passes e jogadas ofensivas.
| Miguel Schincariol-31.out.2013/AFP | ||
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| Os volantes Fernando Bob (à esquerda) e Baraka, da Ponte, marcam Lucas Pratto, do Vélez Sarsfield |
Cada mudança de técnico altera a forma de atuar da equipe e evita uma continuidade. O ajuste pode demorar. "Por exemplo, só na sexta partida de Jorginho, o time apresentou um novo padrão de comportamento", lembra Venditti.
Ele também ajuda a estabelecer uma meta de pontos contra cada adversário do campeonato, de acordo com o objetivo geral do clube. E contabiliza probabilidades.
Após sete derrotas consecutivas no Brasileiro de 2013, seus cálculos apontaram 95% de chances de a Ponta cair. Uma reação em seguida fez a situação se inverter, e suas contas apontaram em 75% a probabilidade de escapar do descenso. Mas o time alvinegro voltou a se aproximar da queda iminente.