Folha de S. Paulo


Sócia de presidente do Barça cita mensalão para pedir mais prazo para se defender

Uma das sócias da empresa do presidente do Barcelona, Sandro Rossell, comparou a denúncia criminal que os dois respondem no Brasil ao caso do mensalão, na tentativa de conseguir mais prazo para se defender. A Justiça negou o pedido, por entender que os processos não são "nem de perto" similares.

A Ailanto Marketing, de Rossell e Vanessa Prechet, organizou em 2008 o amistoso Brasil x Portugal em Brasília, ao custo de R$ 9 milhões, bancado pelo governo local.

O jogo virou caso de polícia: na esfera criminal, os dois respondem por falsidade ideológica e dispensa ilegal de licitação. Na esfera civil, o Ministério Público pede que a empresa devolva o dinheiro. Os acusados defendem a legalidade do contrato e dizem que o jogo foi realizado com sucesso.

Depois de dois anos de investigação, a denúncia criminal só veio no início de 2013. A defesa de Rossell e Vanessa é feita pelo advogado Antenor Madruga. Em nome de Vanessa, ele pediu para dobrar o prazo de 10 dias para responder às acusações --uma das diversas etapas para a defesa se posicionar.

O argumento foi o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal), no julgamento do mensalão, que aceitou dobrar o prazo para os advogados analisarem a decisão de 8.405 páginas e poderem apresentar recurso.

Antenor Madruga disse à Folha que a "referência à Ação Penal 470 [mensalão] diz respeito apenas à interpretação do prazo para defesa quando há mais de um réu".

Apesar de pedir mais prazo, Madruga diz que quer acelerar o julgamento e pediu para antecipar a defesa do presidente do Barcelona, "dispensando o longo processo de uma carta rogatória".

O pedido de mais prazo foi negado pelo juiz Evandro Neiva de Amorim, da 8ª Vara Criminal de Brasília.

"[A defesa] alega que nesta ação penal, em função da pluralidade de réus, patrocinados por diferentes defensores, deveria ser adotado o procedimento da ação penal 470, em trâmite no Supremo Tribunal Federal", resumiu.

Para o juiz, os casos não são similares.

"Essa pretensão não merece prosperar, haja vista que estes autos não apresentam, nem de perto, a complexidade da ação penal paradigma. Na ação penal 470 estão sendo processados 25 réus, e os autos desse processo encerram centenas de volumes e apensos, diferentemente do caso vertente. Os prazos peremptórios só devem ser prorrogados em situações excepcionalíssimas, o que não é o caso dos autos", escreveu no despacho.

LIGAÇÕES

Como a Folha revelou no ano passado, a Ailanto Marketing é ligada a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF.

A Polícia Civil encontrou cheques nominais e declarações de impostos de renda que comprovam que Teixeira recebeu R$ 705 mil dos sócios da empresa.

Rosell enviou R$ 1 milhão da Ailanto para sua conta pessoal na Espanha após a partida --o caso foi encaminhado à Receita Federal.

Albert Olivé - 27.ago.13/Efe
O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, durante uma entrevista na Espanha
O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, durante uma entrevista na Espanha

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