Folha de S. Paulo


Jogadores do Fla relatam ameaça de árbitro contra protesto e veem fim da ditadura

O zagueiro Chicão e o meia Elias, do Flamengo, afirmaram que o árbitro Alício Pena Júnior (MG) ameaçou distribuir cartões amarelos para todos os jogadores do time carioca e do São Paulo caso eles ficassem parados em campo de braços cruzados em adesão ao protesto realizado nesta quarta-feira pelo movimento Bom Senso F.C.

Para driblar a possível punição, os atletas dos dois times passaram o primeiro minuto da partida em Itu tocando a bola sem objetividade e a chutando de um lado para o outro do campo

"A ditadura acabou. O que foi colocado para gente é uma ditadura. Mas a gente é mais forte que isso. Ameaçaram os 22 jogadores em campo de tomar amarelo. Isso não existe na regra do jogo", disse Elias, na saída para o intervalo.

"É uma piada", adicionou o zagueiro Chicão.

Os sete jogos da 34ª rodada do Brasileiro disputados nesta quarta-feira tiveram algum tipo de protesto do movimento dos jogadores em repúdio ao calendário do futebol apresentado pela CBF para 2015.

ONDA DE PROTESTOS

Essa foi a segunda e a mais forte manifestação dos jogadores dentro de campo -a primeira foi realizada na 30ª rodada, em meados de outubro, com um abraço coletivo de jogadores da Série A.

Os atletas pleiteiam que a CBF reduza o número de jogos da temporada.

O Bom Senso entende que não está sendo bem compreendido pela entidade e, por isso, decidiu realizar um protesto mais forte.

A Folha apurou que o protesto desta quarta-feira vem sendo discutido há algumas semanas. No entanto, àquela altura, Dida, goleiro do Grêmio e um dos principais líderes do Bom Senso, ponderou que essa manifestação seria um choque excessivo no embate com a CBF. O grupo decidiu, então, cancelar o protesto.

Dida elaborou o texto divulgado pelo Bom Senso ontem, no qual o grupo previa a manifestação hoje.

O levante foi costurado nos últimos dias por cerca de 20 dos jogadores mais influentes do grupo. Depois, o plano foi comunicado aos mais de mil atletas das séries A e B que compõem o movimento.

O meio de comunicação entre os jogadores é sempre o "WhatsApp", aplicativo de mensagens por celular.

A intenção de Dida era divulgar a nota um dia antes para que, ao verem os jogos parados, todos os torcedores entendessem que se tratava de ato do Bom Senso F.C..

Entretanto, a ideia é que o modo como a manifestação ocorreria fosse guardada a sete chaves, justamente para ser uma surpresa geral.

Até mesmo a TV Globo, dona dos direitos de transmissão do Brasileiro, não sabia que o protesto aconteceria.

Os canais da emissora que transmitiram os jogos das 19h30 trataram o ato como se fosse um minuto de silêncio.

A esperança do Bom Senso é que a CBF perceba a capacidade de mobilização dos atletas. E, a partir disso, marque um novo encontro com o grupo para rediscutir as propostas dos jogadores.

A Globo também é vista pelos atletas como um meio estratégico para que consigam a reforma no calendário.

A leitura dos líderes do Bom Senso é que, se o calendário proposto por eles tiver a chancela da emissora, dificilmente a CBF vai se opor.


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