Folha de S. Paulo


Olimpíada de 2016 vê vaivém na execução de obras

Daqui a exatos mil dias, em 5 de agosto de 2016, uma cerimônia no estádio do Maracanã marcará a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio.

Hoje, porém, a realidade é menos festiva. Embora o cronograma de entrega de obras esteja em dia e algumas instalações já estejam praticamente finalizadas, como o parque aquático Maria Lenk, os organizadores tem enfrentado diversos contratempos ao longo de 2013, como o vaivém nas atribuições dos três níveis de governo (federal, estadual e municipal).

A grande preocupação, contudo, paira sobre as finanças. Quatro anos após a escolha da cidade como sede, ainda não foram apresentados valores na matriz de responsabilidades (documento que elenca o orçamento geral, as obras e os prazos).

Como comparação, os organizadores de Londres-2012 apresentaram um orçamento antes de mil dias, mas o revisaram duas vezes. A intenção do comitê organizador da Rio-2016 é entregar um previsão única de custos.

Em parte, a demora na divulgação do orçamento está atrelada à troca na presidência da APO (Autoridade Pública Olímpica).

Criado originalmente para coordenar as ações federais, estaduais e municipais na preparação para os Jogos, o órgão perdeu força e viu seu presidente, Márcio Fortes, deixá-lo em agosto.

Seu substituto, o general Fernando Azevedo e Silva, afirmou nesta sexta-feira que o orçamento será divulgado até o início de 2014.

Outro fato que afetou a preparação foi a transferência de atribuições. O Complexo de Deodoro, que terá 11 esportes, constava no dossiê de candidatura como responsabilidade da União.

Depois, passou para a tutela do Estado do Rio e, em agosto, para a prefeitura.

Ainda assim, o governo federal pagará toda a obra.

A mesma situação ocorreu com o Parque Olímpico, epicentro do evento. Em 2011, o financiamento de instalações de quatro esportes continuou com o governo federal, mas as execução das obras passou para a cidade do Rio.

A EOM (Empresa Olímpica Municipal), que havia sido criada pela prefeitura carioca como órgão coordenador, contraiu todos os serviços.

"Para assumir Deodoro, montamos um time novo. Minha ideia era ter uma empresa pequena, e hoje tenho mais de 100 pessoas", disse à Folha Maria Silvia Bastos Marques, presidente da EOM.

Outro aspecto preocupante envolve o Ladetec, único laboratório brasileiro habilitado pela Agência Mundial Antidoping.

Ele perdeu sua certificação em agosto, por conta de repetidas falhas, e poderá reavê-la só em 2015.

É exigência do COI (Comitê Olímpico Internacional) que a cidade-sede hospede o centro de análise.

Antes dos mil dias para acelerar os trabalhos, os organizadores da Rio-2016 tiveram de lidar com ressalvas.

Em setembro, o Tribunal de Contas da União disse haver "falta de planejamento" na organização dos Jogos.

OUTRO LADO

À Folha, por meio de sua assessoria de imprensa, a entidade afirmou que "está no prazo, no orçamento e cumprindo compromissos importantes". E disse que seu orçamento será divulgado, ao final deste ano ou início do próximo, com a matriz de responsabilidades "para que não haja revisão ou estouro".

Na área esportiva, segundo o comitê, será necessária a construção de uma segunda quadra de aquecimento no Maracanãzinho, palco do vôlei, segundo exigência do Comitê Olímpico Internacional. Também será preciso trocar o piso da pista de atletismo do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão.

O Ministério do Esporte se posicionou sobre a decisão de repassar a execução das obras no Complexo de Deodoro e no Parque Olímpico para a Prefeitura do Rio.

A pasta disse que ela "foi definida conjuntamente entre as partes, tomada para facilitar os procedimentos, tendo em vista que o evento é realizado no município do Rio". Ainda assim, a União custeará as obras de Deodoro e de quatro esportes dentro do Parque Olímpico.

Sobre o Ladetec, que perdeu sua credencial, o ministério disse que tem tomado providências para rever a certificação. E ter confiança de que ele fará os testes em 2016.


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