Dois dos quatro ginastas que vão receber a Bolsa Pódio do governo federal não têm clube atualmente.
Diego Hypolito e Sérgio Sasaki ficaram sem local para treinar em março passado, quando o Flamengo dispensou os atletas olímpicos.
Desde então, com ajuda do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), passaram a treinar no Pinheiros, em São Paulo. Mas não recebem salário, ajuda de custo ou defendem o clube paulistano em torneios nacionais.
Outro bolsista do governo Arthur Nory Mariano compete pelo Pinheiros. Já o campeão olímpico e mundial Arthur Zanetti defende a cidade de São Caetano do Sul, onde treina no Serc Santa Maria.
Eles contam com patrocinadores (Adidas, Embratel, Sadia e Furnas) em razão da seleção brasileira de ginástica.
A situação, no entanto, não agrada aos ginastas sem clube.
"É algo que me chateia muito. Tenho trazido muitos resultados e não tenho clube", desabafa Sasaki, quinto colocado no individual geral no Mundial da Bélgica, no mês passado.
Para o ginasta está "cansativo" treinar "de favor" no Pinheiros. No clube paulistano, ele treina com seu técnico, Renato Araújo, que o acompanha desde o Flamengo. O treinador também não recebe salário em São Paulo. Não há prazo final para os ginastas e técnicos ficarem no clube.
"Não quero mais procurar clube, quero ser feliz, quero treinar. Só quero uma estrutura, um ginásio. Não estou na ginástica pelo dinheiro. Tenho todo o auxílio, mas não tenho estrutura. Preferia ter uma estrutura muito boa para transformar em medalha", completa Sasaki.
Segundo o Pinheiros, os dois ginastas da seleção não foram contratados porque "a prioridade do clube é com as categorias de base e com os projetos de formação esportiva. Além, é claro, da preparação e treinamento dos atletas da equipe adulta do clube que já fazem parte da seleção brasileira, caso dos ginastas Arthur Nory e Péricles da Silva".
| Reprodução/Twitter/minesporte | ||
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| Sérgio Sasaki, Diego Hypolito e Arthur Zanetti durante o anúncio dos contemplados com a Bolsa Pódio |
RIO E SÃO CAETANO
Bicampeão mundial, Diego Hipólito está na mesma situação. E reclama pelo fato da cidade sede da próxima Olimpíada não ter um centro de treinamento para a ginástica.
"Não sei quando volto para o Rio, quando vou fechar com um clube, eu não tenho resposta. Mas é óbvio que é preciso ter um ginásio no Rio de Janeiro", afirma o atleta finalista no salto e no solo último Mundial.
À Folha, há algumas semanas, o coordenador técnico da seleção masculina de ginástica, Leonardo Finco, disse que um centro de excelência exclusivo da modalidade será construído no Rio, via COB, em 2014.
"Um centro de alto rendimento é fundamental, para concentrar o trabalho, porque o tempo é pequeno e porque a grande maioria dos clubes do Brasil não tem condição para o alto rendimento", disse Finco, que também é treinador do Clube Náutico União, de Porto Alegre.
Este ano a seleção deixou de ter o centro de treinamento de ginástica que funcionava dentro do Velódromo, no Rio. A cidade sede dos próximos Jogos Olímpicos, no entanto, é a melhor escolha para receber a volta da seleção permanente, segundo Finco.
"CT no Rio é mais caro, mas estrategicamente é melhor para nós. Muitos países têm interesse em fazer aclimatação no Rio e querem treinar em conjunto conosco", explicou o coordenador da seleção masculina do Brasil.
Nesta segunda-feira, no evento onde foram anunciados os beneficiados pela Bolsa Pódio, em São Paulo, a presidente da CBG, Maria Luciene Resende disse que a entidade não pode fazer nada para resolver a falta de clubes para os ginastas treinarem.
"Lamentamos muito. A gente sabe da importância dos meninos treinarem nos próprios clubes. Mas a Confederação não pode definir onde o atleta vai treinar, é direito deles treinar onde acharem melhor", disse Luciene.
Segundo o Ministério do Esporte, o projeto de construção de um centro de treinamento de ginástica em São Caetano do Sul (SP) já está pronto, mas foi pedido ajuste no orçamento, o que a prefeitura já estaria fazendo antes de abrir a licitação.
De acordo com o governo, o investimento será de R$ 7,8 milhões, para custear integralmente a obra, além de comprar equipamentos para o ginásio que deve estar pronto ainda em 2014. O terreno foi cedido pela prefeitura.
| Marcel Merguizo/Folhapress | ||
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| Antigo ginásio onde vai ser construído o centro de treinamento de ginástica em São Caetano do Sul (SP) |
BOLSA PÓDIO
A Bolsa Pódio é um instrumento do governo para apoiar atletas com chances de medalha na Rio-2016. Mais de R$ 1 bilhão será investido em 21 modalidades olímpicas e 15 paraolímpicas.
Além de Zanetti, que vai ganhar o teto (R$ 15 mil), Hypolito vai receber R$ 11 mil, Sasaki, R$ 8 mil. Já Mariano não teve o valor divulgado, pois não estava na lista preliminar. Ele deve ganhar o piso desta bolsa (R$ 5 mil).
Para ter direito ao apoio, os atletas devem atender a critérios técnicos, entre eles estar entre os 20 melhores do ranking mundial de suas provas. Já foram anunciados 124 atletas, mas a lista deve chegar a cerca de 160 nomes.
As equipes multidisciplinares dos atletas (técnicos e preparadores físicos, por exemplo) também vão receber um a apoio, mas por meio das estatais que patrocinam cada uma das modalidades.
| Andy Clark - 25.out.2011/Reuters | ||
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| Francisco Barreto, Petrix Barbosa, Diego Hypolito, Pericles da Silva, Sérgio Sasaki e Arthur Zanetti exibem ouro no Pan de 2011 |