Folha de S. Paulo


Governo e confederação amenizam críticas em entrega de bolsas a ginastas

O anúncio dos quatro ginastas que vão receber a Bolsa Pódio do governo também serviu para Ministério do Esporte e CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) selarem as pazes após seguidas críticas de ambos os lados.

O mal-estar começou depois do Mundial da Bélgica, mês passado, quando Arthur Zanetti conquistou o ouro na prova de argolas. Primeiro, o técnico dele, Marcos Goto, reclamou de falta de apoio do Ministério do Esporte.

Depois, o secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser, criticou a postura do treinador.

Na sequência, o governo ameaçou rever o repasse à CBG, por falta de uma gestão profissional na entidade.

A CBG deve receber R$ 3,3 milhões da Lei Piva, neste ano, e tem à disposição R$ 8 milhões da Caixa, sua principal patrocinadora. O banco injetará R$ 35 milhões na entidade até a Rio-2016.

Ontem, porém, no evento realizado em São Paulo para entregar os certificados a Arthur Zanetti, Diego Hypolito, Sérgio Sasaki e Arthur Nory Mariano, todos os críticos estavam juntos e em paz. Inclusive o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, e a presidente da CBG, Maria Luciene Resende.

Zanetti, que vai receber R$ 15 mil mensais de Bolsa Pódio, ainda promoveu um abraço entre Goto e Leyser, a quem entregaram uma camiseta autografada, com dedicatória e foto do ginasta campeão olímpico e mundial. Aldo também recebeu uma.

"Está tudo joia. Tranquilo. Se não estivesse, eu falaria", disse Goto, que também é técnico da seleção e vai receber uma espécie de bolsa da Caixa.

Logo após o início da crise, Zanetti foi à Brasília para uma reunião com Leyser. Outra está agendada para este mês, para falar da compra de equipamentos à construção de centros de treinamento.

Perguntado se a CBG já havia feito alguma mudança em sua gestão desde as críticas do governo, o ministro disse que algumas confederações não fazem bom uso do dinheiro público por falta de capacidade, não por desonestidade. E citou a ginástica.

"Acho que estão mudando. Vamos usar o gerúndio, que não eu gosto, mas... O Leyser pode explicar melhor como está", disse Rebelo.

Segundo Leyser, a confederação "está um pouco sobrecarregada" no momento.

"Vamos continuar acompanhando de perto para identificar os pontos francos e resolver. Temos um objetivo de medalha [na Rio-2016] e precisamos controlar isso com muito rigor", afirmou.

A presidente da CBG defendeu-se dizendo que a modalidade nunca teve resultados tão bons quanto hoje e disse que a "composição da entidade trabalha muito bem".

Reprodução/Twitter/minesporte
Sérgio Sasaki, Diego Hypolito e Arthur Zanetti durante o anúncio dos contemplados com a Bolsa Pódio
Sérgio Sasaki, Diego Hypolito e Arthur Zanetti durante o anúncio dos contemplados com a Bolsa Pódio

BOLSA PÓDIO

A Bolsa Pódio é um instrumento do governo para apoiar atletas com chances de medalha na Rio-2016. Serão mais de R$ 1 bilhão investidos em 21 modalidades olímpicas e 15 paraolímpicas.

Além de Zanetti, que vai ganhar o teto (R$ 15 mil), Hypolito vai receber R$ 11 mil, Sasaki, R$ 8 mil. Já Mariano não teve o valor divulgado, pois não estava na lista preliminar. Ele deve ganhar o piso desta bolsa (R$ 5 mil).

Para ter direito ao apoio, os atletas devem atender a critérios técnicos, entre eles estar entre os 20 melhores do ranking mundial de suas provas. Já foram anunciados 124 atletas, mas a lista deve chegar a cerca de 160 nomes.

As equipes multidisciplinares dos atletas (técnicos e preparadores físicos, por exemplo) também vão receber um a apoio, mas por meio das estatais que patrocinam cada uma das modalidades.


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