Folha de S. Paulo


Jovens talentos brasileiros são candidatos a seguir Diego Costa

Marcos Lopes, 17, já fez história no Manchester City. O gol que marcou em sua estreia como profissional, em janeiro, oito dias depois do seu aniversário, o transformou no mais jovem a balançar as redes pelo clube inglês.

Mesmo nascido em Belém (PA) e conhecido como Rony por causa da camisa amarela com o nome de Ronaldo que vestia nos primeiros treinos da infância, o meia nunca defendeu a seleção brasileira em nenhuma categoria.

Ignorado pela CBF, é hoje um dos principais jogadores do time sub-19 de Portugal, terra para onde migrou junto com os pais em busca de uma vida melhor aos quatro anos.

Lopes faz parte do grupo crescente de jovens com cidadania brasileira e potencial para defender a seleção que hoje reforçam as categorias de base de outros países.

São candidatos a ocupar, no futuro, o papel de Diego Costa, centroavante sergipano do Atlético de Madrid, que, na última terça, anunciou a decisão de jogar pela seleção da Espanha, país onde vive desde 2007.

Bélgica, Alemanha, Portugal, Suíça, Espanha e Holanda estão entre as seleções de primeiro escalão que utilizaram nos dois últimos anos atletas de origem brasileira em suas seleções mais jovens.

Mas isso não significa que a CBF já tenha perdido esses possíveis futuros talentos.

Miguel Ángel Molina/Efe
Diego Costa faz sinal de silêncio em comemoração de gol pelo Atlético de Madri, na Espanha
Diego Costa faz sinal de silêncio em comemoração de gol pelo Atlético de Madri, na Espanha

Segundo a Fifa, um jogador só fará a escolha definitiva do país que vai defender quando estrear por uma seleção adulta em jogo de uma competição oficial.

Ou seja, Marcos Lopes só perderá o direito de ser convocado pelo Brasil quando atuar pela primeira vez por Portugal em um torneio para jogadores adultos.

"Ele procura não pensar muito nisso [escolha da seleção] para se proteger, não correr risco de ficar frustrado no futuro", afirma o pai do jogador, de mesmo nome.

O meia Leonardo Bittencourt, 19, do Hannover, age de forma parecida. Por enquanto, ele é titular da seleção sub-21 da Alemanha. Mas a qual país pertence seu futuro no futebol, nem mesmo sua família sabe precisar.

O jogador nasceu em Leipzig (ALE) e é filho de Franklin, promessa do Fluminense no fim dos anos 1980. Apesar de nunca ter morado na terra dos seus pais, diz em sotaque carioca que se sente "meio alemão e meio brasileiro".

Já o meia Andreas Pereira, 17, parece não ter dúvidas sobre o caminho que pretende percorrer. "Nasci na Bélgica, mas não sou belga. Sou brasileiro. Quero jogar a Copa do Mundo pelo Brasil", diz o atleta do Manchester United.

De família paranaense que migrou para a Europa na década de 1990, o jogador da seleção belga sub-17 até já foi vetado de uma partida porque o adversário era o Brasil.

Mas seu sonho de adolescente pode esbarrar em uma crescente mágoa em relação à CBF. "Já mandamos e-mail para apresentar o Andreas e eles nem responderam. Só ouvimos falar que eles não convocam na base quem joga fora do país", afirma seu pai, Marcos Pereira.

A CBF, por meio de sua assessoria de imprensa, declarou que é impossível monitorar todos os garotos brasileiros que estão no exterior.

DIEGO COSTA

Artilheiro do Campeonato Espanhol com 12 gols, o sergipano Diego Costa, do Atlético de Madri, foi alvo de uma disputa entre Brasil e Espanha.

Com dupla cidadania, o atacante de 25 anos decidiu nesta semana defender a seleção espanhola na Copa de 2014, depois que o técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari o convocou para dois amistosos.

No Brasil, Diego Costa jogou apenas pelo Barcelona Esportivo de Capela, time da zona sul de São Paulo, que disputou a quarta divisão. Em 2005, foi para Portugal jogar em times pequenos e acabou em clubes espanhóis.

Editoria de Arte/Folhapress

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