A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) marcou para segunda-feira, 28 de outubro, às 14h em sua sede no Rio, um encontro com diversos setores do futebol brasileiro para tratar de assuntos relacionados ao calendário e outras reivindicações do Bom Senso F.C., grupo de atletas que pede mudanças no futebol brasileiro.
Só que há um detalhe: neste mesmo dia, e praticamente no mesmo horário (14h30), em Brasília, está marcada uma audiência na comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados. Uma iniciativa do deputado federal Romário, para tratar do mesmo tema.
A Folha apurou que a data escolhida pela CBF não foi aleatória, mas uma maneira de desviar as atenções entre as duas reuniões. A cúpula da entidade entende que viraria vidraça na audiência em Brasília, já que Romário é desafeto do presidente da CBF, José Maria Marin, e do vice Marco Polo Del Nero.
O deputado Romário convidou para audiência quase as mesmas pessoas chamadas pela CBF. Como por exemplo Alfredo Sampaio, vice-presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais do Futebol, o sindicato dos jogadores, e Mustafá Contursi, ex-presidente do Palmeiras que comanda o sindicato patronal dos clubes. Pela CBF foi chamado Virgílio Elisio, diretor de competições, e, claro, José Maria Marin. Os presidentes da Federação do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, e da Federação do Rio Grande do Sul, Francisco Novelletto, que não são tão próximos à cúpula da CBF, também foram convidados para estar na Câmara.
A CBF convocou, além de Sampaio e Contursi, o seu comitê de clubes, a Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol), a Rede Globo, que detém os direitos de transmissão dos principais torneios do país e, claro, o Bom Senso (apesar de no comunicado citar o movimento como "comissão de jogadores"). A Globo, por meio do diretor Marcelo Campos Pinto, também foi chamada para audiência em Brasília.
O Bom Senso estuda dividir seus integrantes entre as duas reuniões. Romário convidou os jogadores Alex (Coritiba), Paulo André (Corinthians), Zé Roberto (Grêmio), Rogério (São Paulo) e Diego Cavalieri (Fluminense).
O movimento dos jogadores pede principalmente alterações no calendário para que realizem menos jogos e tenham 30 dias de férias ininterruptos. Eles pedem também o "fair play financeiro", ou seja, que os clubes se programem para não atrasar salários e pedem que participem de comissões que decidam o rumo do futebol brasileiro.