Folha de S. Paulo


Comissão do Senado aprova nome de general para comandar Autoridade Olímpica

A CAE (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado aprovou nesta terça-feira, por 20 votos favoráveis e um contrário, a indicação do general Fernando Azevedo e Silva para comandar a APO (Autoridade Pública Olímpica). Para que o general assuma o cargo, seu nome precisa ser aprovado pelo plenário do Senado, o que pode ocorrer ainda nesta terça-feira.

José Cruz/ABr
O general Fernando Azevedo e Silva
O general Fernando Azevedo e Silva

Silva substituiu Márcio Fortes, que se demitiu em agosto. A indicação, feita após uma sugestão do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi sacramentada pela presidente Dilma Rousseff. A APO é um consórcio formado entre União e os governos do Rio de Janeiro para tocar a preparação e realização da Olimpíada de 2016.

A nomeação ocorreu na semana passada, dias depois do comitê organizador dos Jogos Olímpicos ser duramente criticado. A três anos do evento, a falta de planejamento põe em risco obras e inviabiliza estimativas sobre o custo de projetos e identificação de responsáveis, conforme apontou o Tribunal de Contas da União após fiscalização.

Durante sabatina na comissão, o general admitiu que está atrasada a construção do Complexo Esportivo de Deodoro (RJ), local que vai abrigar nove modalidades esportivas na competição. Mas afirmou que as obras vão ficar prontas dentro do prazo. "Está tudo no caminho certo", disse.

Presidente da CAE e pré-candidato ao governo do Rio, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o "legado" que a Olimpíada vai deixar para a cidade --especialmente porque grande parte das construções será na Barra da Tijuca, bairro distante do centro do Rio.

"As prioridades foram invertidas. Em Barcelona, foram feitas em áreas centrais, para recuperar áreas degradas. O legado da Olimpíada vai ser a construção de um Rio mais desigual. A cidade do Rio cometeu equívocos muito grandes no planejamento", disse.

O general disse que a escolha do bairro tem como razão o fato de ter sido usado como base nos Jogos Pan-Americanos e Militares, que ocorreram no Rio, em 2007. Silva disse que o legado da Olimpíada é "muito abrangente", com obras na área social e de infraestrutura --além de "ganhos não tangíveis", como a ida de turistas para acompanhar os Jogos.

TROCA

Com orçamento de mais de R$ 15 bilhões, as obras da Olimpíada são responsabilidade da União e dos governos, em modelo de organização inédito no país.

Desde seu início, em 2010, a estrutura tripartite teve problemas políticos. A prefeitura do Rio, por vezes refratária à interferência, nunca quis dividir a proeminência da Olimpíada com o órgão.

A interlocutores, o ministro Aldo Rebelo afirmou ter optado por uma solução "técnica e profissional" na substituição de Fortes da APO. Um dos objetivos do governo federal é reduzir as tradicionais fricções, além de indicar alguém experiente.

Márcio Fortes, ex-presidente da APO, deixou a função após perder poderes. O TCU afirmou que a APO tem sofrido um "esvaziamento do papel de coordenação".

O tribunal destacou que o governo e a prefeitura do Rio preferiram criar novos órgãos em vez de fortalecer a instituição. "Atualmente, a APO não possui funcionários do Estado ou município do Rio. De sorte que é que vista pelos diversos atores como uma entidade federal. A despeito de serem consorciados na APO, os demais entes preferiram criar sua própria estrutura", diz o relatório do TCU sobre o caso.

Auxiliares da pasta afirmam que o ministro incumbiu o general de trabalhar pela conciliação dentro da APO, sob justificativa de que não dá para fazer uma Olimpíada com entes brigando entre si.

O general Azevedo e Silva foi presidente da comissão de desporto militar do Exército. Ele também integra o grupo de trabalho entre os ministérios do Esporte e da Defesa para a preparação dos Jogos Olímpicos e hoje é diretor do Departamento de Desporto Militar da Defesa.


Endereço da página: