Folha de S. Paulo


Cartolas apresentam plano para quitar dívidas dos clubes com a União

Na tentativa de quitar dívida de R$ 4,8 bilhões, dirigentes de clubes de futebol apresentaram hoje ao presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), um plano para financiar os débitos das entidades esportivas com a União.

Os cartolas querem aprovar proposta que permita ao governo reter as receitas dos clubes por um período de forma compulsória. Ao final, os débitos seriam automaticamente quitados com a Receita Federal a Previdência Social com os recursos retidos pela União. Os clubes manteriam o funcionamento sem paralisação de suas atividades em meio à operação de pagamento das dívidas.

Outra ideia dos clubes é vincular receitas da loteria esportiva Timemania no pagamento dessas dívidas. O Congresso aprovou esta semana medida provisória que permite clubes de futebol brasileiros refinanciarem suas dívidas tributárias e voltarem à loteria.

O plano de "recuperação" dos clubes também foi apresentado ao ministro Aldo Rebelo (Esporte), segundo os dirigentes. O grupo espera que o governo, ou mesmo os deputados e senadores, apresentem propostas com essa finalidade para beneficiar os clubes.

Os dirigentes também não descartam a possibilidade de o próprio governo encampar a proposta, sem a necessidade de tramitar no Congresso.

"Estamos muito preocupados com o futebol brasileiro, com o conceito do futebol brasileiro e, principalmente, com a credibilidade. Nós efetivamente queremos pagar esta conta", disse o presidente do Coritiba, Vilson Andrade.

Também participaram do encontro com Renan os presidentes do Botafogo, Maurício Assumpção, e do Vitória, Alexi Portela, e o vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Weber Magalhães.

Na tentativa de convencer os congressistas a apoiarem a proposta, os clubes afirmam que aqueles que não apresentarem certidões de pagamento das dívidas no período fixado pela proposta ficarão impedidos de participar de competições organizadas pela CBF.

Eles também prometem punir com a perda de pontos em campeonatos da CBF os clubes que atrasarem salários e não cumprirem outras obrigações trabalhistas.

Segundo Andrade, a dívida dos clubes de futebol brasileiros é "praticamente irrecuperável" --por isso a necessidade de um financiamento especial.

O senador Jorge Viana (PT-AC), que participou do encontro, disse que os clubes não estão buscando "anistia", mas um mecanismo que permita o seu funcionamento em meio às dívidas. "Não é isenção ou anistia, é trabalhar para que as dívidas sejam pagas."


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