"O UFC é como uma novela. De verdade..." Foi o argumento usado pelo presidente da categoria, Dana White, para explicar a suspeita do público de que a surpreendente derrota de Anderson Silva para o novato Chris Weidman foi uma armação.
"[No UFC] há um mix interessante de lutas reais e atletas muito inteligentes, o que usualmente resulta em drama. Não apenas entre eles, mas entre eu e os lutadores", argumentou Dana durante entrevista exclusiva dada à Folha, ontem, em São Paulo.
O presidente do UFC, principal firma promotora de lutas de MMA (sigla para artes marciais mistas), fez uma pausa, sorriu e continuou. "Há as batalhas verbais. Há muito drama aqui [no UFC]."
Houve uma oportunidade, por exemplo, em que Dana, ex-boxeador, chamou o desafeto Tito Ortiz, ex-campeão do UFC e então ainda em atividade, para um combate de boxe. Ambos haviam trocado farpas pela imprensa.
Tal duelo não aconteceu.
"Porque tem muito drama misturado com luta real, [o público] acha que há um enredo ou algo assim...", disse.
A seguir, o cartola abandona o terreno das ponderações e fala sobre as lutas ou desafios que foram alvo da suspeita de armação pelo público.
| Wander Roberto/Divulgação | ||
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| Dana White (centro) durante a apresentação da luta entre Chris Weidmann e Anderson Silva (dir.) |
"Anderson Silva estava brincando com Weidman [na luta de julho], inclinou o corpo, recebeu soco, foi nocauteado e caiu", lembrou Dana.
"Anderson foi um cara que nunca havia perdido no UFC, havia construído uma carreira, um legado, ganhava toneladas de dinheiro com patrocínios e tinha o respeito dos brasileiros", resumiu Dana.
Segundo o dirigente, em evento promocional no Rio, anteontem, metade do público vaiou Anderson. Não só isso, mas o público estava dividido sobre quem venceria a revanche em 28 de dezembro.
"Anderson já ganhou milhões. Mas vamos imaginar que tenha apostado contra si mesmo. Ainda não daria uma soma que compensasse o que Anderson perderia em patrocínios e o dano à imagem."
Um outro duelo abordado por Dana foi a revanche entre Cigano e Cain Velasquez, pelo título dos pesados do UFC, no fim do ano passado.
Após derrotar o americano em menos de um minuto na primeira luta, Cigano pouco fez no octógono na revanche.
"Você viu o rosto de Cigano após a revanche? Ele não parecia com ele mesmo, parecia um Alien. Quem diz que o combate foi armado não entende mesmo nada de lutas."
Dana abordou ainda a morte do lutador de MMA Leandro Feijão, semana passada.
Existe a suspeita de que a sua morte está relacionada à drástica perda de peso. "Isso foi em um show pequeno, não no UFC, onde médicos acompanham o processo na semana da luta. Mas perder 13 quilos em uma semana, como fazem por aí, é loucura".