Folha de S. Paulo


Cuba libera contrato de atletas no exterior e vai aumentar salários de esportistas

O governo de Raúl Castro aumentará os salários dos esportista de Cuba, pagará bônus por resultados e permitirá que os atletas do país assinem contratos com clubes do exterior, o que é proibido na ilha caribenha atualmente.

As mudanças fazem parte da nova política cubana para recuperar a capacidade competitiva do país, que já foi uma potência olímpica.

As novidades passam a vigorar a partir de 2014 e busca melhorar o esporte no país, gerar receitas, buscar qualidade e rigor nas competições, além do aumento dos salários, de maneira gradual, e o pagamento do correspondente ao seu trabalho, informou o diário oficial cubano Granma.

O esporte, orgulho da revolução cubana, enfrenta uma decadência na última década devido à falta de estímulos aos atletas.

Os esportistas recebem baixíssimos salários na ilha caribenha, muitos apenas cerca de US$ 20 ao mês (cerca de R$ 45). Além disso, eram proibidos de assinar contratos com clubes do exterior, sob pena de não mais defender as seleções nacionais, o que resultava em várias deserções.

Cuba foi uma potência olímpica e da América Latina de 1972 a 2004, mas, nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, já foi ultrapassado por Jamaica e Brasil, posto que não recuperou em Londres-2012.

SALÁRIOS

A nova política salarial estabelece seis categorias de rendimento baseado no desempenho dos atletas, de acordo com o Granma.

Assim, um medalhista olímpico ganhará 1.500 pesos mensais (cerca de R$ 140), um medalhista em mundiais 1.300 pesos (cerca de R$ 120), um medalhista pan-americano 1.200 pesos (R$ 110) e um campeão centro-americano 1.100 (aproximadamente R$ 100).

Já os membros da seleção nacional de beisebol que participam do campeonato local ganharão 1.000 pesos (R$ 95 na atual cotação).

Também haverá um pagamento adicional aos atletas e treinadores por desempenho. Assim, será repassado aos esportistas 80% do montante ganho em prêmios de competições internacionais (antes o valor repassado era de 15%).

E mais: a nova política esportiva de Cuba prevê pagar prêmios individuais e coletivos aos jogadores de beisebol que disputarem o campeonato local na faixa de 5.000 pesos (R$ 450) para o atleta que participar de mais de 70% das partidas.

A equipe campeã nacional ganhará um prêmio de 65.000 pesos (mais de R$ 6.000), informou o Granma. Para o beisebol, a regra já passa a valer a partir de novembro.

BOXE

O boicote --que já durava 51 anos-- de Cuba ao boxe profissional foi quebrado no fim de agosto passado, com a participação de seus atletas na Série Mundial de Boxe, liga disputada sob regras profissionais: sem camiseta, capacete protetor, com mais assaltos e com pagamento de bolsas.

Uma porcentagem das bolsas dos atletas irá direto para o caixa do governo cubano, como acontece com profissionais "emprestados" a outros países, como o caso dos seus médicos no Brasil.

Ormuzd Alves - 3.ago.1996/Folhapress
A jogadora da seleção brasileira de vôlei Márcia Fu discute com as atletas cubanas nos Jogos Olímpicos de Atlanta-96
A jogadora da seleção brasileira de vôlei Márcia Fu discute com as atletas cubanas na Olimpíada de Atlanta-96

Endereço da página:

Links no texto: