Folha de S. Paulo


Muricy Ramalho volta ao São Paulo após 4 anos para salvar clube do rebaixamento

Dois meses atrás, a diretoria do São Paulo trabalhava com duas opções para substituir Ney Franco e tentar tirar o time do buraco: Paulo Autuori e Muricy Ramalho.

O presidente Juvenal Juvêncio, amparado por seu líder dentro de campo, o goleiro e capitão Rogério Ceni, escolheu o primeiro. E voltou atrás nessa decisão.

Na tarde de ontem, Autuori foi chamado pela diretoria para uma reunião, na qual foi anunciada sua demissão. Prontamente, Muricy foi contratado para substituí-lo.

O retorno do treinador acontece quase quatro anos e três meses depois de deixar o clube onde passou a maior parte da sua carreira. A Folha apurou que o treinador não aceitaria fechar um vínculo curto, até o fim do ano.

O contrato de Muricy com o São Paulo deve ser pelo menos até dezembro de 2014.

Seu retorno ao Morumbi não será do jeito que queria: com tempo para trabalhar e liberdade para construir um elenco com as características do seu estilo de jogo. Mas sim em situação de emergência.

Se dois meses atrás, quando teve a volta cogitada, o São Paulo queria unir o grupo de jogadores e ainda sonhava até com o título brasileiro, agora permanecer na Série A é o único objetivo palpável.

Em 17 jogos, Autuori teve dez derrotas, quatro empates e míseras três vitórias. A equipe despencou da décima para a antepenúltima colocação da primeira divisão nacional.

O São Paulo fez o pior primeiro turno de sua história na era dos pontos corridos no Brasileiro, iniciada em 2003.

Com 18 pontos, está a quatro de conseguir deixar a zona do descenso. E tem apenas metade do campeonato para sair dessa situação.

O risco de rebaixamento fez Juvenal ignorar o bom relacionamento com Autuori e o pouco tempo que o técnico teve para preparar a equipe (quase um jogo a cada três dias, com viagem para Europa e Ásia nesse ínterim).

O técnico deixou o São Paulo ontem com aproveitamento de 25,5% dos pontos.

A gota d'água para a troca de comando foram as duas derrotas consecutivas que impediram que o time saísse do grupo do rebaixamento depois de mais de um mês --2 a 1 para o Criciúma, em casa, na quinta-feira, e 2 a 0 ante o Coritiba, anteontem, fora.

Muricy foi anunciado no começo da noite de ontem, já irá treinar a equipe hoje pela tarde e estará no banco na quinta ante a Ponte Preta.

A negociação para a chegada do novo treinador foi quase instantânea. Durou minutos. Enquanto o São Paulo discutia quem seria o sucessor de Ney Franco e a torcida no Morumbi cantava o tradicional coro de "É Muricy", o técnico ressaltou sua vontade de voltar ao antigo emprego e afirmou que não faria grandes exigências para isso.

O comandante são-paulino estava sem trabalhar desde maio, quando foi demitido do Santos, clube pelo qual havia sido campeão da Libertadores em 2011.

Jogador do clube nas décadas de 1960 e 1970, Muricy foi auxiliar de Telê Santana no início dos anos 1990 e o único treinador que conseguiu rivalizar com ele em termos de longevidade no Morumbi.

O maior período do técnico no São Paulo foi entre o início de 2006 e o meio de 2009, quando conquistou os três brasileiros consecutivos.

Ricardo Nogueira/Folhapress
O técnico Muricy Ramalho em seu último clube, o Santos, onde saiu em maio
O técnico Muricy Ramalho em seu último clube, o Santos, onde saiu em maio

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