Folha de S. Paulo


Protestos no Brasil preocupam membros do COI

A recente onda de protestos sociais no Brasil foi tema de questionamento de membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) aos organizadores da Rio-2016. A delegação brasileira passou por uma sabatina na assembleia do COI, em Buenos Aires, neste domingo, após fazer uma apresentação sobre os preparativos para Jogos na capital fluminense.

Dois dirigentes da entidade fizeram perguntas sobre os protestos e como eles poderiam afetar a realização da Olimpíada. O presidente da Rio-2016 e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, respondeu que o Brasil é um país livre e democrático, onde todos podem expressar sua opinião.

"Esses protestos estão acontecendo em várias cidades, vários países. E isso é uma das razões que faz com que sejamos mais transparentes", afirmou. "Mas é importante lembrar que a população brasileira adora o esporte. Uma pesquisa recente que fizemos mostra que 72% da população apoia a realização dos Jogos."

Um dos membros do COI a abordar a questão dos protestos no Brasil foi o sírio Samih Moudallal. Na saída do hotel Hilton, ao conversar com alguns jornalistas brasileiros, Nuzman ironizou o fato de a pergunta ter sido feita pelo representante de um país prestes a entrar em uma guerra. "Não respondi à altura como gostaria", afirmou.

Durante a apresentação da delegação brasileira, Nuzman afirmou que o "Rio está pronto". Quando mostrou imagens das obras de construção de uma nova linha de metrô na capital fluminense, o brasileiro pediu que os membros se lembrassem da complexa geografia da cidade, cheia de montanhas.

O presidente do COB não quis comentar a declaração à Reuters do Sheikh Al-Sabah, do Kuwait, membro do COI e presidente do Conselho Olímpico da Ásia, de que os atrasos nas obras da Rio 2016 pesaram na escolha de "[Tóquio para a sede da Olimpíada de 2020". "Isso aí você tem que perguntar a cada um que votou. Não posso responder pelos outros", disse à Folha.

Fabrice Coffrini/AFP
Nuzman durante a apresentação sobre a Olimpíada do Rio-16 em Buenos Aires
Nuzman durante a apresentação sobre a Olimpíada do Rio-16 em Buenos Aires

VOU DE TÁXI

Outro questionamento feito à delegação brasileira foi em relação ao transporte no Rio. Um membro do COI lembrou que no Pan de 2007 muitos estrangeiros, incluindo ele, tiveram problemas de comunicação com os taxistas e brincou que, por causa disso, alguns foram parar em Buenos Aires.

"O Pan do Rio foi um dos melhores da história. Às vezes temos uns colegas que gostam de aparecer. Esse foi um deles", disse Nuzman na saída da assembleia.

Outro integrante da entidade afirmou estar preocupado com uma situação a qual chamou de "crítica": a maneira como o comitê de organização da Rio 2016 passa as informações para a mídia e para a população em geral. "Estamos trabalhando para melhorar esse ponto", disse Nuzman. E informou que recentemente um novo diretor de comunicação assumiu o cargo: Mario Andrada, que estava na Nike.

Ao final da apresentação brasileira, a presidente da comissão de coordenação do COI para os Jogos de 2016, Nawal El Moutawakel, fez um breve informe aos presentes. Disse que a cidade aprendeu muitas coisas com os dois eventos que sediou nos últimos meses, a Copa das Confederações e a visita do Papa Francisco.

E enumerou as providências para o momento que precisam ser tomadas pela Rio 2016: a finalização do plano mestre do local das instalações para os Jogos; monitorar o tempo de construção das instalações e assinar a matriz de responsabilidade.


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