Folha de S. Paulo


Técnico no futebol árabe, Paulinho McLaren se espelha em Felipão e busca experiência

No ano em que o atacante Paulinho McLaren foi artilheiro do Campeonato Brasileiro pelo Santos, em 1991, o atual técnico da seleção brasileira Luiz Felipe Scolari buscava experiência no Al Ahli, da Arábia Saudita.

McLaren não imaginava que poderia seguir os mesmos passos de Felipão. Hoje, aos 49 anos e técnico há seis temporadas, ele está há quase dois meses no comando do Al Taee, da cidade de Hail. O contrato é de um ano.

O ex-atacante foi indicado por um amigo que trabalha no clube há 15 anos e conseguiu a oportunidade. "Cada país pratica o futebol de uma maneira singular, com suas tradições e cultura. Por isso, acredito que terei ferramentas necessárias para a minha carreira, sobretudo, por desejar ficar por aqui ou ir para outro país em um tempo maior para me aperfeiçoar como um grande técnico", disse o ex-jogador à Folha.

O apelido McLaren é uma homenagem ao piloto de F-1 Ayrton Senna, que faleceu em 1994. Três anos antes, quando atuava pelo Santos, Paulinho comemorou um gol como se estivesse pilotando um carro de corrida.

Com passagens por times como Fluminense, Cruzeiro, Internacional, Portuguesa e Atlético-MG como jogador, Paulinho tem na sua carreira troféus de artilheiro da Copa do Brasil pelo time gaúcho em 1994, e do Campeonato Paulista de 1997 pela equipe do Canindé.

Paulinho deixou os campos em 1999 e se dedicou à faculdade de educação física para começar a profissão de treinador em 2008. Rio Claro, Itapirense, União São João, Capivariano e Taubaté foram os times pelos quais ele passou antes de deixar o Brasil.

Para o técnico, pesou na sua ida para o Al Taee o fato de que, além de Felipão, outros profissionais da área terem em sua carreira experiência com o futebol árabe.

"A proposta foi compensadora e é um desafio muito grande vencer aqui. Todo os grandes treinadores brasileiros que passaram pelo mundo árabe, tiveram um aprendizado grande. Hoje, a sua maioria está nos principais clubes do Brasil. Inclusive, a comissão técnica da seleção tem um histórico rico aqui também", explicou Paulinho.

McLaren se junta a outros nomes do futebol brasileiro que tiveram passagens pelo mundo árabe. Além de Felipão, Paulo Autuori, atual técnico do São Paulo, Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção, e Vanderlei Luxemburgo, comandante do Fluminense, já se aventuraram pelo Oriente Médio.

COMUNICAÇÃO

O Al Taee disputa uma divisão de acesso na Arábia Saudita. Para se comunicar com uns atletas, McLaren disse que fala em inglês. "Tenho um intérprete que transmite aos jogadores tudo o que vamos fazer e de que maneira vamos fazer. Também arrisco algumas palavras em árabe."

Natural de Igaraçu do Tietê-SP, Paulinho deixou a família em São João da Boa Vista, cidade a 216 km da capital de São Paulo. "A saudade aperta um pouco, mas nos falamos diariamente pela internet e isso tem nos aproximado um pouco. O dia a dia acaba nos fazendo passar o tempo com alguma tranquilidade", afirmou o treinador.


Endereço da página:

Links no texto: