Folha de S. Paulo


Jogadores retornam ao Brasil e tentam entender fiasco na Copa América de basquete

Depois de um quinto lugar muito comemorado na Olimpíada de Londres-2012, a seleção masculina de basquete amargou a eliminação precoce na Copa América ao perder as quatro partidas que disputou em Caracas.

Ainda tentando entender o que aconteceu na Venezuela, os jogadores desembarcaram na manhã desta quinta-feira no aeroporto de Guarulhos sem a vaga garantida no Mundial do ano que vem --agora, o Brasil depende de um dos quatro convites cedidos pela Fiba (Federação Internacional de Basquete) para participar da competição.

Embora não haja um consenso entre os atletas sobre o fraco desempenho dentro de quadra, os atletas fizeram questão de atribuir a responsabilidade ao grupo que esteve na Venezuela e citaram que a equipe sofreu com problemas de origem alimentar durante a competição.

"A alimentação foi ruim, muitos jogadores tiveram virose, infecção no estômago. Eu fui um deles. Contra o Uruguai não fui para quadra, nem levantava direito. Outros também tiveram o mesmo problema, mas conseguiram pelo menos ir para o jogo. Isso não pode ser usado como desculpa, mas prejudica o rendimento de qualquer atleta", disse o armador Rafael Luz, primeiro a aparecer no saguão, por volta das 5h40.

"A gente não tinha que pensar nos jogadores que não quiseram se apresentar, ou que por algum outro motivo não foram [à Copa América]. Precisávamos pensar só na gente. Sabíamos que éramos capazes de conseguir a classificação, mas infelizmente não deu. Claro que a gente se sente envergonhado por sermos os que pela primeira vez na história não se classificaram para o Mundial", completou.

Raulzinho, também armador, fez coro com o parceiro de posição. "Nós que estávamos lá é que fomos os responsáveis. Fico com a sensação de que não cumprimos o dever que a gente tinha. A culpa não é deles [dos que pediram dispensa da seleção]. Na minha cabeça, a ausência dos caras da NBA era uma oportunidade para mostrar trabalho, ganhar mais espaço em quadra", avaliou.

Para os experientes Guilherme Giovannoni e Marcelo Huertas, as derrotas nas duas primeiras partidas, ante Porto Rico e Canadá, abalou a confiança do time.

"É um péssimo resultado. Sem dúvida que vai ficar na memória de todo mundo. Entramos numa dinâmica de falta de confiança por causa dos resultados negativos no começo e não conseguimos reverter isso", opinou o ala-pivô Giovannoni.

"Quando num jogo as coisas não dão certo, no seguinte tampouco, acaba virando uma bola de neve, acaba ficando na cabeça do jogador. É uma questão mental que todos nós temos que trabalhar. Não é normal que jogadores de tanta qualidade tenham um percentual tão baixo numa competição assim. Claro que a gente quer ser lembrado por coisas boas, mas temos que ser humildes o suficiente para reconhecer algum fracasso na nossa carreira esportiva", analisou Marcelinho Huertas, que defende o Barcelona, da Espanha.

Na visão do armador, no entanto, o fiasco na Copa América não anula o trabalho quem vem sendo apresentado nos últimos anos pela seleção nacional.

"Por causa de dois jogos, a gente não pode mudar uma trajetória brilhante que fizemos em quatro anos. Isso é uma besteira muito grande. Precisamos ter cabeça fria, saber que erramos esse ano talvez por nervosismo, falta de experiência de grande parte do grupo."

"Existe um respeito muito grande pela seleção do Brasil hoje em dia. Por mais que o resultado esse ano tenha sido negativo, com certeza se a gente aparecer no Mundial no ano que vem, o Brasil sempre vai ser um time temido. É uma coisa que a gente tem que ter na cabeça. Se os nossos rivais têm, por que a gente não vai ter?"


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