Folha de S. Paulo


Chefe do COI diz que transporte é a principal 'luz vermelha' para os Jogos de 2016

A marroquina Nawal El Moutawakel entrou para a história do esporte olímpico nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Ela venceu a prova dos 400 m com barreiras e se tornou a primeira muçulmana campeã olímpica.

Agora, Nawal preside a Comissão de Coordenação para os Jogos de 2016. Na nova função, ela é uma espécie de diplomata, que tem que cobrar os organizadores brasileiros e evitar polemizar em público.

Em entrevista à Folha, Nawal disse que o sistema de transporte do Rio é o ponto mais delicado da operação olímpica e que confia na reabertura do Engenhão e do Ladetec (único laboratório responsável pela realização dos exames de dopagem no país).

Apesar dos problemas na organização do evento, a marroquina de 51 anos fez questão de deixar claro que a Olimpíada não corre risco de deixar o Brasil. "Pode colocar um grande não. Confiamos nos amigos brasileiros", afirmou Nawal, ao ser questionada sobre a possibilidade de mudança dos Jogos para outro país.

Vanderlei Almeida/AFP
A presidente da Comissão de Coordenação para os Jogos de 2016, Nawal El Moutawakel, fala durante entrevista coletiva ao lado do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro Carlos Arthur Nuzman
A marroquina Nawal El Moutawakel fala em entrevista coletiva ao lado do presidente do COB Carlos Arthur Nuzman

Folha - O documento de avaliação de risco do COI mostrou que 22 dos 44 capítulos estão classificados com a cor verde, que significa em bom andamento. O restante aparecia com sinais vermelhos ou amarelos. O Rio corre risco de perder a Olimpíada?
Nawal El Moutawakel - Isso é um documento de trabalho. Essas luzes podem mudar e estão sempre em mudança. Uma luz que estava em amarelo ontem pode ficar verde hoje. Outra que está em amarelo pode ficar vermelho. Esse é um documento de trabalho para ajudar o comitê. Não é um bíblia. É um documento que serve para nos dar claridade sobre os problemas e nos ajudar a entender onde nós estamos e para onde vamos

Qual é o ponto positivo dos organizadores brasileiros até agora?
Existe muitos documentos que nos deixaram satisfeitos. A Olimpíada é um projeto complexo e grandioso. Os três níveis de governo estão trabalhando de mãos dadas para a Rio 2016. Mas temos que sempre trabalhar.

Em 2015, nós precisamos já ter eventos testes. Nós precisamos que a maioria das federações estejam satisfeitas com o que teremos aqui em 2015. Os comitês Olímpicos também terão que estar contentes. Eles são o coração e a alma do evento.

Temos que trabalhar muito para fazer as melhores instalações possíveis. Por isso, temos que estar sempre trabalhando

Qual a principal luz vermelha para o Rio?
O sistema de transporte sempre estará com a luz vermelha até 2016 [a linha 4 do metrô carioca vai estar pronta meses no início do ano dos Jogos]. Por isso, temos que acompanhar sempre de perto. Mas vale deixar claro que não estamos preocupados porque acreditamos nos brasileiros.

O Ladetec foi fechado pela Wada no mês passado. O Rio corre o risco de não ter um laboratório de doping na cidade durante os Jogos?
Infelizmente, o laboratório perdeu o credenciamento. Mas o ministro [do Esporte, Aldo Rebelo] nos garantiu o laboratório estará aberto até os Jogos. Ele fez uma apresentação que mostrou que o governo está trabalhando contra o doping. Temos completa confiança que será reaberto. Além disso, Wada estará aqui nos Jogos.

O Engenhão está fechado há meses e só reabrirá em 2014. O estádio receberá as provas de atletismo. Isso preocupa o COI?
A cobertura estará boa até lá. Acredito que não teremos problemas

A Olimpíada corre o risco de ser disputada aqui?
Não. Pode colocar um grande não neste resposta. Confiamos nos amigos brasileiros.


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