Folha de S. Paulo


Campeã mundial de judô cogitou parar após sofrer racismo

Primeira mulher a conquistar ouro em Mundial para o judô brasileiro, Rafaela Silva chegou a pensar em abandonar os tatames.

Suas dúvidas sobre continuar ou não a competir surgiram após a desclassificação na Olimpíada de Londres, ano passado, quando a judoca carioca disse ter sofrido preconceito racial.

Ontem, com a medalha de ouro no peito --venceu a final por ippon no Rio, a judoca faixa preta do Instituto Reação afirmou que conseguiu mostrar seu valor para quem a criticou.

"É muito bom poder mostrar para o pessoal que disse que lugar de macaco não era no judô, que eu tinha que procurar outra coisa para fazer", desabafou a atleta.

"Hoje estou aqui mostrando que não depende da cor ou do dinheiro. Depende da vontade e da garra."

Um título mundial feminino era a única conquista que faltava ao judô brasileiro --três judocas já haviam sido campões no masculino.

Apesar disso, Rafaela contou, ainda no ginásio Maracanãzinho, que não havia assimilado a façanha.

"Eu vim com um objetivo, porque prata [foi vice-campeã no Mundial de Paris-2011] eu já tinha. Falei que outra prata eu não queria, e que ninguém ia me tirar esse ouro", contou a judoca carioca.

"Ainda nem parei para pensar que sou campeã mundial. E ainda por cima que estou fazendo história. Sei que estou feliz com a medalha."

O choro de felicidade ontem, após a conquista do ouro, contrasta com as lágrimas da derrota de Londres, quando a atleta pensou em abandonar o esporte que abraçou quando era criança.

"Você treina quatro anos, é um sonho estar em uma competição daquela [Jogos de Londres] e conquistar uma medalha. No momento da minha derrota, pensei que tinha jogado fora quatro anos treinando muito e competindo bem", lembrou a lutadora.

"Depois da Olimpíada, eu desanimei. Pensei em desistir, em largar o judô, mas meus amigos e a minha família me apoiaram e agora estou aqui. Sou campeã mundial para mostrar para essas pessoas que me criticaram."

Na final, a aluna de Flávio Canto, ex-judoca e hoje comentarista de TV, teve uma atuação perfeita e letal.

Logo aos 50 segundos de combate, aplicou um golpe certeiro e conseguiu um ippon para derrotar a norte-americana Marti Malloy.

NA TV
Mundial do Rio
10h e 16h
SporTV e SporTV 2


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