Folha de S. Paulo


Governo e Ladetec decidem não recorrer à CAS após laboratório ser descredenciado

O Ladetec, laboratório que faria os testes antidoping dos Jogos do Rio-2016, foi descredenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping). O anúncio foi feito ontem e vale a partir de 25 de setembro.

A existência de um local credenciado para testes na cidade-sede da Olimpíada é uma exigência do COI (Comitê Olímpico Internacional).

O governo federal e o Ladetec, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, decidiram não recorrer à CAS (Corte Arbitral do Esporte).

Temiam que, caso o recurso falhasse, sobraria pouco tempo hábil para o passo seguinte, que é o pedido de um novo credenciamento. Essa será a estratégia das autoridades brasileiras agora.

O diretor do laboratório, Francisco Radler, e o diretor-executivo da ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), Marco Aurélio Klein, têm reunião marcada para 6 de setembro, no Canadá, sede da Wada, para discutir os procedimentos para o novo credenciamento.

Segundo Eduardo de Rose, membro da Wada, e Thomaz Bastos, presidente da Comissão Nacional Antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo, em condições normais, o processo para um laboratório ser credenciado leva de dois a três anos.

"O Ladetec não é um laboratório qualquer. É o que servirá a próxima Olimpíada", afirmou Klein. "Vamos iniciar o trabalho para obter um novo credenciamento. Vamos tentar obter um 'fast-track' [via rápida, para acelerar o processo]", completou.

Consultada pela Folha, a Wada confirmou que existe a possibilidade de uma aceleração do credenciamento.

Mas alertou que a duração do processo depende da agilidade do laboratório em fazer as correções necessárias para reaver a habilitação.

O que provocou primeiro a suspensão do Ladetec, em agosto, e agora seu descredenciamento foi o fato de o laboratório ter falhado em três "testes cegos".

Grosso modo, eles funcionam como o sistema de pontuação de uma carteira de motorista, em que se perde pontos a cada erro.

Periodicamente, entre três e quatro meses, a Wada encaminha a laboratórios credenciados por ela espalhados pelo mundo amostras com cinco tipos de substâncias que têm que ser identificadas.

O Ladetec errou em dois.

O laboratório falhou ainda em um terceiro teste, denominado "duplo teste cego", quando a Wada nem sequer avisa que as amostras são um teste. Elas chegam aos laboratórios como exame comum.

O Ladetec atingiu 30 pontos e foi descredenciado.

Procurado pela Folha, o Comitê Olímpico Brasileiro pediu que fossem procurados a ABCD e o Comitê Organizador dos Jogos de 2016.

A entidade que organiza a Olimpíada afirmou que trabalhará com o Ladetec para "ajudá-lo a tomar as medidas necessárias para se candidatar ao credenciamento em tempo para 2016". Radler não respondeu a reportagem.


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