Folha de S. Paulo


Após briga de torcedores, Corinthians e Vasco podem jogar com portões fechados

Vasco e Corinthians, cujas torcidas se envolveram em confusão no estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, no último domingo, podem reinaugurar no Brasileiro deste ano os jogos em estádios com portões fechados.

A medida é defendida por Flávio Zveiter e Paulo Schmitt, presidente e procurador do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que estudam maneiras de sugerir a inclusão da pena no Código Brasileiro de Justiça Desportiva para punir os clubes por brigas e outros incidentes.

No domingo, torcedores do Corinthians invadiram um setor do estádio reservado aos vascaínos, a Polícia Militar interveio e houve tumulto. O mando do jogo era do Vasco.

A pena de jogar com portões fechados era aplicada com frequência no final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, mas foi extinta na mais recente versão do CBJD, de dezembro de 2009.

Zveiter e Schmitt não descartam sugerir ao Ministério do Esporte que a punição possa ser adotada imediatamente, em caráter emergencial, antes da revisão do CBJD, para cenas como a de domingo.

"A medida é preventiva", diz Zveiter. "O jogo do último domingo deixou bem claro que tragédias podem acontecer se a sensação de impunidade prevalecer. Não precisamos esperar por elas."

Vasco e Corinthians vão ser denunciados, até o fim da semana, com base no artigo 213 do CBJD, que prevê pena de perda de um a dez mandos, além de multa, que pode variar de R$ 100 a R$ 100 mil.

"Está bem claro que punir clubes com jogos a 100 km de sua sede tornou-se uma medida inócua", afirma Schmitt. "Pedagogicamente falando, no que diz respeito a conscientizar torcedores, nem a perda de mando, muito menos as multas, estão funcionando", completa Zveiter.

Mandar jogos fora de casa em sido comum este ano no Brasileiro, principalmente pelos clubes do Rio. O Mané Garrincha fica a mais de 1.300 km da sede do Vasco, no Rio.

"Para clubes com torcida em todo o Brasil, a pena tem pouco efeito", diz Zveiter. "Um jogo de alguns clubes de São Paulo e do Rio no Nordeste pode até atrair mais público do que se fosse disputado em casa", acredita o presidente da corte desportiva.

ARENAS NOVAS

Outro problema apontado pela dupla diz respeito à arquitetura dos estádios que estão sendo construídos ou remodelados para a Copa do Mundo de 2014 --caso do próprio Mané Garrincha.

"Ao que me parece, os novos estádios dificultam separar as torcidas, algo que, claramente, terá de continuar a ser feito", afirma Zveiter.


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