Folha de S. Paulo


Beijo no pódio não foi protesto, diz atleta russa

A russa Kseniya Ryzhova afirmou que o selinho que deu na companheira de revezamento Yulia Gushchina não foi um protesto a lei antigay do país.

Ryzhova deu um beijo na companheira Yulia Gushchina durante a entrega da medalha de ouro do revezamento 4 x 100 m no Mundial de atletismo de Moscou.

"Não havia motivação política oculta. Se as pessoas querem escrever sobre qualquer tipo de besteira sobre a gente, deveriam pelo menos saber que eu e Yulia somos ambas casadas", disse Ryzhova em entrevista ao jornal britânico "The Guardian".

"Fazia oito anos que não ganhávamos a medalha de ouro. Foi uma onda de sentimentos incríveis, e de alguma forma, completamente por acaso, nos cumprimentávamos e nossos lábios se tocaram. Quem fantasia a respeito disso é doente".

Gushchina e Ryzhova não quiseram comentar a lei, alegando que os preparativos para o Mundial não deixaram tempo para pensar a respeito. "Não ouvi falar nem li a respeito por causa do Mundial", disse Gushchina.

O gesto das atletas ocorreu em meio à polêmica com a lei antigay na Rússia. Aprovada pelo presidente russo Vladimir Putin em junho, a lei proíbe a apologia a manifestações homossexuais.

Vários países reprovaram o decreto e cogitaram boicotar os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014.

A discussão ganhou mais força quando Ielena Isinbaieva, maior nome do salto com vara na atualidade, mostrou-se favorável à lei. Depois, ela disse que foi mal interpretada.

A saltadora sueca Emma Green Tregaro chegou a usar esmaltes nas cores do arco-íris para protestar contra a lei antigay, mas depois pintou as unhas de vermelho com medo de seu país sofrer uma retaliação.


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