Folha de S. Paulo


Velocista que criticou confederação será punida, diz dirigente

A atleta Vanda Gomes, 24, integrante do revezamento 4 x 100 m que foi desclassificado na final do Mundial de Moscou, no domingo, será punida pelas críticas feitas à CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).

A velocista, que correria a última passagem da equipe na prova, deixou o bastão cair ao recebê-lo de Franciela Krasucki. Naquele momento, o Brasil estava em segundo lugar --a Jamaica conquistou a medalha de ouro.

Alberto Estévez /Efe
Vanda Gomes (esq.) não conseguiu segurar o bastão
Vanda Gomes (esq.) não conseguiu segurar o bastão

O erro custou a eliminação do time. Não bastasse isso, Vanda deixou a pista e disparou contra a direção da CBAt.

Para a atleta, houve falhas na preparação: "treinamos pouco", "comemos mal" e "dormimos mal" foram algumas de suas declarações ao canal SporTV.

Ainda no domingo, a confederação emitiu nota na qual rebateu as insinuações de Vanda. E ontem, à Folha, disse que ela deve ser suspensa.

Segundo Ricardo D'Angelo, treinador-chefe da delegação brasileira em Moscou, a punição de Vanda pode variar de três meses a um ano.

"O que ela fez foi muito grave. A comissão técnica entendeu as declarações dela como um ato de indisciplina, que não condizem com a verdade", afirmou o dirigente.

D'Angelo e outros treinadores da seleção entregarão até sexta relatórios ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). A atleta poderá se defender no tribunal.

"Pessoalmente, vou recomendar uma suspensão de, no mínimo, seis meses e, no máximo, um ano", disse Ricardo D'Angelo.

Na nota que emitiu no domingo, CBAt indagou a razão de a velocista não ter expressado sua insatisfação antes, uma vez que a seleção estava reunida desde 12 de julho na Europa para treinamentos.

Também reiterou seu critério técnico para promover a entrada de Vanda no lugar de Rosângela Santos na final.

Rosângela correu a semifinal e ajudou a equipe brasileira a bater o recorde sul-americano da prova (42s29), mas foi sacada da decisão.

A alegação da comissão técnica foi de que, em testes anteriores ao Mundial, Vanda havia sido um pouco mais veloz que Rosângela.

As outras três corredoras --Evelyn dos Santos, Ana Cláudia Lemos e Franciela Krasucki foram mantidas.

Na noite de domingo, a cúpula da CBAt se reuniu em Moscou para discutir uma possível sanção para a atleta. Além de D'Angelo, participaram do encontro o superintendente de alto rendimento, Antonio Carlos Gomes, e o vice-presidente, Warlindo Carneiro da Silva Filho.

"Vamos ser muito rígidos com ela. Ficamos muito chateados. Já convivi com atos de indisciplina. Mas uma coisa dirigida e voltada à imprensa como a Vanda fez eu nunca vi", disse D'Angelo.

A Folha não conseguiu localizar Vanda, cuja chegada ao Brasil estava prevista para a madrugada de hoje.


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