Folha de S. Paulo


Abismo entre Bolt e rivais cresce com casos de doping

A máxima de que Usain Bolt, 26, tem o cronômetro como seu único rival nunca foi tão precisa quanto no Mundial de atletismo de Moscou.

O estádio Luzhniki, palco da competição, verá desfilar mais de 70 concorrentes nos 100 m rasos masculino, cujas eliminatórias começam hoje às 13h15 (de Brasília).

Nenhum deles, porém, teoricamente capaz de incomodar o astro jamaicano --que tenta reaver o título após queimar a largada e ser desclassificado em Daegu-2011.

O recorde mundial de Bolt na prova, de 9s58, é ao menos dois décimos superior à de qualquer outro rival na competição na Rússia --apesar de sua melhor performance no ano ser "só" 9s85.

É a primeira vez desde que ele se tornou recordista dos 100 m, em 2008, que tem oponentes com fichas tão inferiores. Mais do que a disparidade técnica, Bolt viu o páreo encolher por um motivo mais constrangedor: o doping.

Seu compatriota Asafa Powell e o norte-americano Tyson Gay, dois de seus maiores desafiantes, foram flagrados em exame antidoping e não vão enfrentá-lo.

Gay, 31, dono do melhor tempo dos 100 m no ano (9s75) e segundo homem mais rápido da história (9s69), acabou pego em exame feito em maio, mas jurou inocência.

Powell, 30, medalhista olímpico, foi flagrado com estimulante. Yohan Blake, 23, vice olímpico dos 100 m e outro jamaicano que poderia encarar Bolt, disse abdicou do Mundial por lesão.

Blake, por sinal, cumpriu três meses de afastamento por uso de estimulante.

"Não diria que sem Powell, Gay e Blake será uma barbara para Bolt. Mas são poucos os que podem botar uma pressãozinha nele em Moscou", disse o ex-velocista brasileiro Robson Caetano.

O norte-americano Justin Gatlin, 31, é o principal deles. Ouro em Atenas-2004, ele também tem a mácula do doping na carreira. Foi banido do esporte de 2006 a 2010.

Embora à margem dos casos, Bolt convive com o espectro do doping. Neste ano, já disse que aceita congelar sangue para análises no futuro.

À Folha, no mês passado, afirmou que tem como objetivo mostrar que é possível ser veloz e limpo. Nos 100 m do Mundial, cuja final será amanhã às 14h50 (de Brasília), ele tenta mostrar isso de novo.

BRASILEIRA SONHA COM VAGA NA FINAL

Depois de bater o recorde sul-americano dos 100 m neste ano (11s05), Ana Cláudia Lemos disputa as eliminatórias da prova às 4h55 (de Brasília) de amanhã.

Apenas a 20ª do ranking mundial, ela diz que seu objetivo é avançar à final. Outra brasileira na prova é Franciela Krasucki.

NA TV
Mundial de Moscou
7h SporTV
2h (de amanhã) SporTV


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