Folha de S. Paulo


Agência subsidiará antidoping do país a partir de 2014

A partir do próximo ano, todo o controle antidoping do país será subsidiado pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), órgão federal que se reporta ao Ministério do Esporte.

A entidade vai investir R$ 8 milhões em testes e inteligência. Ela terá orçamento de R$ 12,2 milhões para 2014.

A ideia é tirar das confederações esportivas brasileiras despesas com os controles.

"Nós vamos organizar o plano de subsídio [às confederações] e aplicá-lo. Forneceremos kits, pagaremos oficiais de coleta, transporte e análise do laboratório. Mas também cobraremos mais", afirma Marco Aurelio Klein, diretor-executivo da ABCD.

As confederações estão sendo avisadas do investimento. Ainda neste semestre haverá audiência pública para esclarecimentos e definições de questões como valor destinado a cada esporte.

Com o subsídio, espera-se que confederações, olímpicas ou não, façam mais testes. Ontem, a Folha publicou pesquisa feita pela ABCD com 4.995 signatários do Bolsa Atleta que mostrou que apenas dois entre dez atletas do país já fizeram antidoping.

A compra de kits --que são os frascos onde se depositam urina e objetos de análise-- é outro ponto em que a agência brasileira quer investir.

Neste ano, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) teve dificuldades para importar 1.000 unidades do aparato e pegou cem deles com outra entidade.

Como pagará a conta, a ABCD também fixou como meta fazer mais de 5.000 testes em 2014: ao menos 4.000 de urina e 1.000 de sangue, a maioria em competição.

Também quer "emitir" 200 passaportes biológicos, em que se registram e acompanham os perfis sanguíneos e de urina dos atletas.

DESCONHECIMENNTO

Segundo Klein, a ABCD, criada em 2011, também gastará R$ 1 milhão para certificar e capacitar os oficiais de exame antidoping. "Não sabemos nem quantos agentes para coleta de material temos ao todo no país", declara.

Chefe do antidoping na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Sandra Soldan considera ideia boa, mas a tarefa difícil. "Só não sei se haveria gestão para controlar isso, dado o grande número de confederações no Brasil", diz.

Recém-fundada, a ABCD terá um quadro com 24 funcionários. Pares como a Usada e Ukad --agências antidoping dos EUA da Grã-Bretanha-- tem 100 e 50 contratados, respectivamente.

Ainda assim, o subsídio é bem visto. "O antidoping é caro e nós arcamos tudo. Essa ajuda seria boa", diz Ney Wilson, coordenador da CBJ (Confederação de Judô).


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