Folha de S. Paulo


Governo do Rio cobra concessionária e deve retomar o Maracanã

A decisão do governo do Rio de não demolir o estádio de atletismo Célio de Barros e o parque aquático Julio Delamare no entorno do Maracanã deve levar o Estado a retomar a administração do estádio, palco da final da Copa do Mundo de 2014.

O atual gestor do estádio, um consórcio de empresas, terá 20 dias para avaliar a viabilidade econômica do negócio com o novo formato.

Tanto o estádio de atletismo quanto o parque aquático seriam demolidos para dar espaço a lojas, estacionamentos e bares, que seriam explorados pela concessionária, o que vinha gerando polêmica e era alvo de críticas dos manifestantes que há meses saem às ruas em protestos. As medidas anunciadas fazem parte do pacote do governador para tentar estancar sua queda de popularidade.

A Folha apurou que o governo já trabalha com a hipótese de reassumir o Maracanã. "Vou aguardar resposta do consórcio. Hoje [o futuro da concessão] está em suspenso. Se não for viável [economicamente] não tenho o que fazer. Não posso brigar", afirmou ontem o governador Sérgio Cabral (PMDB).

Editoria de Arte/Folhapress

O estudo de viabilidade econômica feito pelo Estado antes da licitação para concessão do estádio não avaliou o cenário com a manutenção dos dois equipamentos. A decisão de demoli-los era do próprio governador.

Ao vencer a licitação, o consórcio Complexo Maracanã Entretenimento S.A., formado por Odebrecht, AEG e IMX, se comprometeu a realizar investimentos da ordem de R$ 594 milhões. Dentro do custo estava a demolição dos dois equipamentos e a construção de centros de treinamento num outro local, como substituição. A guinada surpreendeu aos empresários.

"Os acionistas é que vão decidir. Não tenho a menor ideia do que vai acontecer", disse o presidente do consórcio, João Borba.

Pesavam também contra a demolição decisão judicial, que proibia qualquer intervenção no local, e uma recomendação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que analisa o tombamento do local. Cabral disse que o pedido das federações e atletas também influenciou na decisão.

"Nos apelaram pela permanência do equipamento. A sociedade civil nos leva a abrir o diálogo, a discutir o assunto outra vez."

Cabral, porém, defendeu o modelo licitado, sem os equipamentos esportivos e lojas. Para ele, as intervenções modernizariam o estádio. Ele diz ter mudado sua decisão em razão da decisão judicial, do pedido do patrimônio histórico e da sociedade civil.

O Fluminense, que tem contrato de 35 anos com o consórcio, afirmou que o acordo "é seguro em garantias e, por esse motivo, seguirá seu planejamento". O Flamengo, que tem um acordo de apenas seis meses, não se pronunciou oficialmente.

A manutenção do Célio de Barros implicará em custos, provavelmente ao Estado. A pista já foi concretada para ser usada como estacionamento de caminhões de redes de televisão. A arquibancada também será reformada.

Além disso, a mudança deve gerar indenização ao consórcio. Contrato aponta que o Estado deve ressarcir os custos de instalação da empresa no local, bem como as intervenções já feitas.


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