Folha de S. Paulo


Análise: Novo reforço do São Paulo já foi chamado de Roberto Carlos argentino

Clemente Rodríguez é um ícone do Boca Juniors. Na última década, é difícil encontrar um lateral como ele. Não porque tivesse muita capacidade técnica: não é um dotado com os pés, mas tem capacidade para jogar pela direita e pela esquerda.

Marcos Brindicci/Reuters
O argentino Clemente Rodriguez em ação pelo Boca Juniors este ano
O argentino Clemente Rodríguez em ação pelo Boca Juniors na Libertadores deste ano, contra o Corinthians

No Boca de Bianchi (não este Boca, o antigo Boca) foi genial. Conseguiu substituir Arruabarrena, ganhou o afeto dos torcedores e dos treinadores por sua capacidade de jogar pelas duas bandas. E também chegou à seleção, uma coisa que parecia impossível.

Mas no último regresso ao Boca, Clemente não foi o que era. O Boca também não foi, claro. Em uma equipe pobre, sem jogo, sem resultados, Clemente não é capaz de brilhar sozinho.

O melhor que ele tem (disciplina tática, velocidade, capacidade física) não brilha se não houver uma equipe que o acompanhe. Assim foi perdendo espaço. Só ficou para ele a frase de Juan Román Riquelme (amigo pessoal do lateral), há um tempo: "Clemente é o melhor jogador de Boca".

Agora vai sair de Boca por decisão de Carlos Bianchi. O treinador quer rearmar o grupo, e vários amigos de Riquelme --problemático no vestiário-- vão deixar o clube: Clemente e Lucas Viatri são algum deles. Além disso, Clemente já não é o mesmo de antes. Mesmo ele precisa mudar de ares para recuperar seu nível, e o São Paulo é o que ele quer.

Clemente é um vencedor. Apesar da idade (31 anos) ainda está bem fisicamente e tem muito para dar. Pode jogar pela esquerda, pode ser também lateral pela direita. No Boca e na seleção argentina, aliás, jogou como meia, com uma defesa de três zagueiros.

Certa vez, em seu melhor momento, Clemente Rodríguez foi chamado de "o Roberto Carlos argentino". Tinha um físico parecido, velocidade, fazia sorrindo, tinha capacidade de não se cansar nunca. Agora tem a possibilidade de demonstrá-lo na terra de Roberto Carlos.

Javier Schurman é subeditor do jornal esportivo "El Gráfico Diario", da Argentina


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