Folha de S. Paulo


Há 40 anos, Rivellino vivia situação parecida com a de Neymar

Se hoje a pergunta é onde Neymar vai jogar, há quase 40 anos a dúvida era onde atuaria Rivellino.

O ídolo corintiano ficou com a sua situação indefinida no clube após não gostar de uma proposta e ter seu passe colocado à venda por Vicente Matheus, presidente da equipe alvinegra na época.

Assim como hoje Neymar reclama, em meio aos rumores sobre as negociações com clubes europeus, que tem gente falando que ele é mau caráter, Rivellino também teve que se defender, em 1973.

Na época, o astro corintiano se queixou dos comentários que diziam que ele era mal agradecido ao Corinthians.

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Reprodução de matéria da Folha publicada na edição de 5 de setembro de 1973
Reprodução de matéria da Folha publicada na edição de 5 de setembro de 1973

"Isso, eu não posso aceitar. Falem de mim o que quiser, mas não me chamem de ingrato", afirmou Rivellino para Folha, em declaração publicada no dia 5 de setembro de 1973.

"Nunca fui de guardar rancor, de ficar magoado com aqueles que me fizeram sofrer, mas tenho amor próprio, certeza de que sempre dei tudo de mim para ser visto sem máscaras", continuou o jogador, que em 1970 tinha sido campeão mundial pela seleção brasileira no México.

A página com as declarações era ilustrada com imagens do craque com camisas de São Paulo, Santos, Portuguesa e Palmeiras. Até jogar na várzea foi cogitado.

Como Neymar costuma falar em amor pelo Santos, Rivellino também destacava essa relação intensa com o Corinthians.

Em ambos os casos, os discursos eram de que o lado financeiro não era o principal. Em 1973, o impasse foi resolvido com a decisão do ídolo corintiano de receber menos do que desejava.

"Poderia recusar qualquer proposta e parar, arrumar outra coisa para fazer. Mas aprendi a gostar do Corinthians, a sofrer com seus problemas. Sabe, na minha vida ainda falta alguma coisa, muito mais que o dinheiro. Por isso, resolvi continuar no Corinthians", disse Rivellino, na edição de 8 de setembro de 1973.

Porém, ele não permaneceu por muito tempo na equipe alvinegra. Após a derrota por 1 a 0 para o Palmeiras na final do Campeonato Paulista em 1974, a pressão aumentou muito com a longa fila sem títulos do torneio --a última conquista tinha sido em 1954.

E Rivellino acabou negociado com o Fluminense no fim de janeiro de 1975.

"Perdi peso de nervosismo. Não guardo mágoas, mas sinceramente, minha vontade de sair foi devido à injustiça que fizeram comigo. Me culpar por um título que o clube perdeu, sozinho, foi uma grande injustiça. Eu seria o culpado se jogasse com as 11 camisas, sozinho, em campo, mas nunca fiz isto", disse Rivellino, em declaração no jornal de 1º de fevereiro de 1975.


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