Folha de S. Paulo


ONU pede ação política contra armações de resultados nos esportes

Está na pauta de uma reunião organizada pela Unesco, braço cultural da Organização das Nações Unidas, a criação de uma força-tarefa com participação dos governos de seus países-membros para combater as armações de resultados nos esportes.

A proposta integra a pauta de encontro entre ministros de Esporte, a partir do próximo dia 28, em Berlim (ALE), à qual a Folha teve acesso.

Foi em encontro semelhante a esse que foram iniciadas as discussões que culminaram na criação da Wada, a Agência Mundial Antidoping.

Os principais pontos da proposta são a instituição de uma política uniforme entre os países, tratados de cooperação entre autoridades policiais e troca de informação sobre questão das apostas.

Não é pedido o banimento das casas de apostas, mas o monitoramento para detectar desvios de padrões, o que pode indicar armação.

Para isso, o ideal, segundo o documento, é que cada país conte com uma agência que dê atenção exclusiva ao tema.

O próprio Ministério do Esporte brasileiro prepara relatório no qual defende-se criação de agência regulatória.

Trata-se de consequência da internacionalização das apostas. Sites asiáticos oferecem operações com campeonatos de outros continentes.

Em fevereiro, a Europol, órgão de polícia intergovernamental da União Europeia, desbaratou esquema de manipulação que pode ter afetado até 680 jogos. Em dezenas dos casos, as operações foram feitas de Cingapura.

A Europol indicou que até jogo entre as seleções sub-20 de Argentina e Bolívia teria sido manipulado em 2010.

Outro ponto discutido na reunião da Unesco é que países que ainda não o fizeram criem penas para punir quem interferir em resultados de jogos, como o árbitro brasileiro Edilson Pereira de Carvalho, no episódio da "Máfia do Apito", que ocorreu em 2005.

Nos bastidores, é sugerida inclusive a possibilidade de "delações premiadas".

A lavagem de dinheiro, a proliferação da corrupção e a preservação da integridade do esporte também serão discutidos pelos ministros.

Um estudo realizado pela União Europeia apontou que o valor a ser movimentado por apostas on-line em 2015 dobrará em relação a 2008, que foi de R$ 17,5 bilhões.

Além das apostas, outro abordado será o doping.


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