Folha de S. Paulo


Espanhola de 27 anos leva 'olhar feminino' a time de juízes da F-1

Num ambiente onde cada vez mais mulheres ocupam posições importantes, Silvia Bellot tem lugar de destaque.

Apesar de caminhar pelo paddock da F-1 sem ser reconhecida pela maior parte de seus frequentadores, a espanhola tem poderes para mudar o resultado de uma corrida. Ou até do campeonato.

Aos 27 anos, é a mais jovem comissária desportiva da FIA. É também a única mulher a exercer a função. E, neste fim de semana, será uma das responsáveis por julgar eventuais infrações dos pilotos durante o GP da Espanha, quinta etapa do Mundial.

"Sei que tenho uma grande responsabilidade, mas não me sinto pressionada na hora de tomar decisões", disse à Folha no motorhome da entidade que comanda o automobilismo, em Barcelona.

Para que tome essas decisões, Silvia e seus colegas ficam em uma sala no mesmo local da torre de controle e têm acesso às imagens da TV, das câmeras no cockpit e as do circuito, à telemetria dos carros em tempo real, além dos rádios dos times e um sistema chamado "race watch".

"Temos as mesmas informações que o diretor da prova", afirmou a espanhola que começou aos 16 anos como fiscal de pista após ser proibida pela mãe de ser piloto.

"Quando você gosta deste mundo da F-1 sempre tenta achar um jeito de estar perto e esta foi a minha maneira."

A paixão de Silvia pelos carros começou quando ainda era pequena. Seu pai, Josep María, sempre esteve envolvido com automobilismo e chegou a ser presidente da federação espanhola de rali.

Após dois anos como fiscal de pista, a jovem resolveu dar um passo adiante. Primeira graduada de um programa da FIA para formar comissários, há três anos participa do rodízio da entidade como oficial da F-1 --já trabalhou também para GP2, GP3, Mundial de Rali e DTM, o campeonato de turismo da Alemanha.

Quando não está viajando com a F-1, Silvia, que se formou em biologia há cinco anos, estuda moda em Londres e trabalha no ateliê do designer Jonathan Saunders.

"São dois mundos completamente diferentes. A F-1 é predominantemente masculina, e a moda, muito mais feminina. Acho que encontrei o equilíbrio e a liberdade que a biologia nunca me deu, pois tinha que ficar trancada em um laboratório", disse a espanhola, que afirma "fazer um pouco de tudo" no emprego longe das pistas. "Desenho roupas, escolho as modelos, entre outras coisas."

Silvia pretende continuar conciliando as duas profissões. Mas quer alçar voos ainda mais altos. "Meu sonho é ser chefe dos comissários."

Ao que tudo indica, não será difícil chegar lá.

No ano passado, a espanhola ganhou o prêmio de melhor oficial da FIA.


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