Folha de S. Paulo


Polêmico, coronel comanda Lusa na busca pelo acesso

"Ninguém é otário de descumprir as ordens do coronel. Se fosse um soldado ou um cabo, tudo bem. Mas é um coronel", diz o meia Souza, ex-São Paulo, sobre Edson Pimenta Bueno Filho, técnico interino da Portuguesa.

Hoje, o ex-coronel, que assumiu o posto após a saída de Péricles Chamusca, pode consolidar o retorno lusitano à elite do futebol paulista com um empate contra o Capivariano, às 20h, fora de casa.

Diferentemente dos atletas que penduram as chuteiras e viram técnicos, Edson Pimenta, 61, teve outra trajetória.

Formado pela Escola de Educação Física da Polícia Militar, com curso técnico em Esportes pela USP, ele trabalhou no clube pela primeira vez em 1981, como preparador físico. Agora soma a décima passagem.

Dorival Rosa/Divulgação
Edson Pimenta, técnico interino da Portuguesa, comanda treino no Canindé
Edson Pimenta, técnico interino da Portuguesa, comanda treino no Canindé

"Passei por clubes amadores e um dia o senhor Luis Iaúca [ex-vice presidente do clube] me viu trabalhando em um treino da Associação Desportiva da Polícia Militar. Nós disputávamos o Desafio ao Galo. Então ele me convidou para o novo trabalho", lembrou.

Na PM, Pimenta era considerado linha-dura. Em 2000, foi indiciado pela Corregedoria da PM após aparecer em vídeos insultando o então governador Mário Covas e incitando a violência.

Nas gravações, feitas em 1999 por presos e por policiais de São Paulo, Pimenta aparecia dizendo que lugar de "vagabundo é no caixão" e que Covas era um "boneco" que comandava o Estado. Ele também chamava o secretário da Segurança da época, Marco Vinicio Petreluzzi, de "idiota".

Em 1997, foi o primeiro oficial a depor na CPI que investigou o caso da favela Naval, episódio no qual policiais foram acusados de espancar moradores e matar um pessoa em Diadema.

Comandante do 8º Batalhão da PM, ele foi o primeiro oficial a ver as imagens com as agressões.

Mais de uma década depois, já aposentado, ele faz o possível para se desvincular da polícia --evita, até mesmo, responder perguntas sobre o seu passado. No dia a dia, ainda usa "tropa" quando se refere ao plantel lusitano.

"O futebol tem muito do ambiente militar, como a organização, a disciplina", diz Pimenta, que continuará como interino até o fim da A2.

"Nosso time tem característica de muita técnica. Venceu os campos ruins. Temos de honrar a tradição da Portuguesa", completou Pimenta.

ACESSO

Além da Portuguesa, outros dois times podem conquistar o acesso nesta quarta-feira, quando será realizada a penúltima rodada da segunda fase da Série A2.

O Guarantinguetá tem de vencer o Red Bull para voltar à A1. Se empatar, dependerá de um tropeço do Audax ante o Rio Claro.

Já o Comercial precisa bater o Catanduvense e torcer por empate do Capivariano.


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