Folha de S. Paulo


Aos 59, Benazzi aumenta fama de 'técnico bombeiro' no Paulista e busca emprego

Com passagens por mais de 30 clubes em 24 anos de carreira como treinador, Vagner Benazzi se tornou nos últimos anos um especialista em apagar incêndios e evitar rebaixamentos. Foram quatro entre 2010 e 2013. O último com o Atlético Sorocaba, que escapou da degola do Campeonato Paulista só na penúltima rodada.

Benazzi, 59, estreou pelo Atlético Sorocaba no início de março. Assumiu a equipe na 17ª colocação, com seis pontos --dois atrás da primeira equipe fora da zona de descenso, o Oeste, que na época tinha oito pontos. Depois de nove jogos, sendo quatro derrotas consecutivas, a equipe sorocabana emplacou uma sequência de três vitórias e um empate e escapou da degola. No último domingo, encerrou sua participação com uma derrota para o Corinthians.

Mauro Horita/AGIF/Folhapress
Vagner Benazzi conversa com Tite antes do confronto entre Atlético Sorocaba e Corinthians, no Pacaembu
Vagner Benazzi conversa com Tite antes do confronto entre Atlético Sorocaba e Corinthians, no Pacaembu

"Quando houve o convite, fiquei duvidoso já que tinha assistido apenas dois jogos da equipe. Fui conhecer a estrutura e as condições do Atlético e aceitei o desafio. Fizemos algumas mudanças e conseguimos atingir o objetivo que era escapar do rebaixamento", disse Benazzi, revelando que dispensou quatro atletas e pediu a contratação de três reforços.

O Atlético Sorocaba foi a terceira equipe que Benazzi salvou da degola em quase um ano. Na temporada passada, o treinador tirou o Botafogo e o Bragantino. Antes, já havia salvo o Avaí da queda para a Série B do Brasileiro em 2010 e a Portuguesa do rebaixamento para a Série C em 2006

"Peço uma semana para conhecer o clube e os jogadores. Depois procuro trabalhar o emocional de cada um e a importância deles dentro do elenco. Procuro também dar moral para os atletas e falar a língua dos jogadores", disse Benazzi, que também pede para a diretoria incentivar e engordar o prêmio --bicho-- para os atletas.

"O bicho faz parte da cabeça dos jogadores e, por isso, sou favorável. Mas aviso para os atletas fazer a parte deles e depois discutir a premiação".

"O Benazzi tem um estilo marrento, não tem papa na língua e fala o que pensa com jogadores, diretores e presidente. Depois de observar o time, ele apresenta um projeto para mostrar o que é necessário para escapar do rebaixamento. Fizemos o que ele pediu e conseguimos escapar quando ninguém esperava", explicou Eduardo Esteves, ex-diretor de futebol do Botafogo.

Apesar do retrospecto, Benazzi tem tido vida curta nos clubes. Desde 2009, quando comandou a Portuguesa por quase oito meses, o treinador tem ficado menos de quatro meses em cada time.

"Só não ficamos com o Benazzi pela condição financeira. O Benazzi é um treinador competente e competência custa caro. Contratamos ele porque nossa situação era de emergência", disse o presidente do Bragantino, Marquinhos Chedid.

"Não sou um treinador caro. Cada um recebe aquilo que merece. Quando você é contratado e chega para resolver, tem que receber mais. No início do trabalho, o dirigente não imagina que o time vai ficar em último. Aí quando você busca alguém em uma situação difícil, o dirigente não pode nem discutir o salário", completou o treinador, que jamais treinou equipes grandes dos quatro principais centros do futebol brasileiro.

Se Benazzi conseguiu tirar os times do rebaixamento, não teve o mesmo sucesso nos últimos anos para conseguir o acesso. Em 2011, o treinador ficou a um ponto do acesso a Série A com o Vitória.

"O Benazzi fez um bom trabalho no Vitória. Pegou a equipe em uma situação difícil e não subiu por um ponto. Ele não continuou porque não atingiu a meta que era o acesso e resolvemos mudar tudo", contou Carlos Falcão, dirigente do Vitória.

Depois do jogo do último domingo, Benazzi, que nunca treinou os principais times de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul, continua sua vida de bombeiro itinerante e vai aguardar o convite para dirigir um novo clube na carreira.


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