Folha de S. Paulo


Sinalizador que matou Kevin não partiu de corintianos, diz defesa dos 12 presos

A defesa dos 12 corintianos presos em Oruro, na Bolívia, afirma que o sinalizador que matou Kevin Beltrán Espada não é o mesmo que aparece sendo arremessado por torcedores do Corinthians.

A informação é da advogada Maristela Basso, contratada pela Gaviões da Fiel para defender os 12 brasileiros presos.

"Vamos demonstrar que o projétil que atingiu Kevin não partiu da torcida do Corinthians", disse a advogada.

"O laudo da necrópsia, os autos, documentos, tudo revela que o projétil veio de outra direção. Não partiu do garoto que se apresentou [em Guarulhos]. Ele viu a imagem na TV e se identificou como o autor daquele disparo. Mas isso não significa que aquele sinalizador matou Kevin."

"Estou afirmando isso com base nos laudos, nas fotos e nos mais de 30 anos de experiência. O projétil não pode ter saído do lado da torcida corintiana, não teria entrado na cabeça do garoto do jeito que entrou."

A inspeção no estádio, com a presença dos 12, marcada para à tarde de quarta-feira, seria cancelada. Segundo Maristela, o evento seria adiado "a pedido da Embaixada Brasileira em La Paz, cumprindo determinação do Governo Brasileiro".

"Fizemos contato com a Embaixada. Disseram que foi um pedido do Governo Brasileiro. Eles não tem esse poder [de cancelar a inspeção]. Como pode uma embaixada interferir em um processo?", disse. "Queremos saber do Judiciário da Bolívia se eles aceitam ordens do Governo Brasileiro".

"Usaríamos a inspeção amanhã para levar essas perguntas ao perito e ele nos responder. Iríamos posicionar os caras dentro do estádio."

No início da noite, porém, Maristela informou que a inspeção foi confirmada para a tarde desta quarta-feira. "Havia sido adiada, mas os nossos advogados que estão na Bolívia telefonaram dizendo que houve uma reviravolta, e a inspeção deve acontecer."

Em contato por telefone, o conselheiro da embaixada brasileira em La Paz, Manuel Montenegro, negou que partiu de lá a ordem para adiar a inspeção.

"Não, a gente não pode pedir isso, não somos parte do caso. A informação não procede, assim como muita coisa que essa advogada andou falando à imprensa."


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