Folha de S. Paulo


Ministro defende que governo seja "mediador" da atuação da CBF

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu nesta terça-feira (9) que o poder público tenha um papel "mediador" em relação à atuação da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), uma entidade privada.

Sebastião Moreira/Efe
José Maria Marin (à esq.) e Aldo Rebelo se encontraram e evento em novembro de 2012
José Maria Marin (à esq.) e Aldo Rebelo se encontraram e evento em novembro de 2012

Questionado pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR), durante audiência pública no Senado, sobre a "crise da CBF" e o comportamento da entidade na organização da Copa-2014, o ministro disse que "não achar totalmente correto" o entendimento de que o Estado não deve interferir na entidade, por se tratar de uma organização privada.

Segundo o ministro, "o esporte guarda um grande interesse público".

"O Estado deve ter um poder mediador [sobre a CBF]. Acho que o Congresso também deve ter um papel importante", afirmou Aldo Rebelo, sem entrar em detalhes sobre a forma pela qual isso poderia ocorrer e qual a abrangência dessa mediação.

Depois da audiência, em entrevista, disse que essa mediação não envolveria interferência sobre qualquer aspecto envolvendo a escolha de presidente da entidade.

Em conversas vazadas na internet, o atual presidente da entidade, José Maria Marín criticou o ministro. A relação entre os dois, hoje, é somente protocolar. Marín ainda é alvo de críticas da Fifa e da presidente Dilma Rousseff.

Ricardo Teixeira deixou o comando da entidade após uma série de denúncias e suspeitas de corrupção. Teixeira ficou 23 anos à frente da CBF. Foi substituído por Marín, que agora enfrenta resistências da Fifa e do Palácio do Planalto.

Como a Folha mostrou nesta terça-feira, a Fifa está trabalhando pela saída de José Maria Marín do comando do Comitê Organizador Local da Copa-2014. O COL é o representante político e financeiro da Fifa no Brasil, sendo a CBF "sócia" do comitê.

Emissários do presidente da Fifa, Joseph Blatter, demonstraram ao governo preocupação com o desgaste de Marin. Avaliaram ainda que a situação pode prejudicar a imagem do Mundial.

Desde que assumiu a presidência da CBF e do COL, em março de 2012, Marin tem sido alvo de pressão.

Além do mal-estar com Rebelo, ele sofre oposição por parte do deputado Romário (PSB-RJ), que entregou na sede da CBF, no Rio, um abaixo-assinado com milhares de assinaturas pedindo sua saída.

O documento defende que evidências ligando Marin à ditadura militar o impossibilitam de comandar o futebol brasileiro e o Mundial-14.


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