Folha de S. Paulo


Com foco na sub-17, futebol do Haiti também passa por recomeço

Mundial no Haiti também é sinônimo de futebol, mas esqueça seleção principal. A Copa que importa aqui é a da categoria sub-17, que acontece em outubro nos Emirados Árabes Unidos.

Nesta semana, os meninos vão ao Panamá tentar conquistar uma das vagas reservadas ao Caribe e às Américas do Norte e Central.

O time está numa boa fase. Vem de duas vitórias importantes em amistosos na semana passada, um 4x0 seguido de um 3x0, ambos contra a seleção sub-21 da arquirrival República Dominicana, que está se preparando para a Olimpíada do Rio em 2016.

A torcida também fez sua parte. No último jogo, os relatos são de aplausos e gritos pelos garotos, principalmente por Alessandro Campoy, que virou o queridinho dos torcedores e deu entrevistas ao final da partida. Quase um Neymar caribenho.

Paula Lago/Folhapress
Jogadores da seleção sub-17 do Haiti participa de treino em campo da capital do país, Porto Príncipe
Jogadores da seleção sub-17 do Haiti participam de treino em campo da capital do país, Porto Príncipe

Mas não será nada fácil obter a classificação: precisam passar por Estados Unidos, no domingo (7), e pela Guatemala, na terça-feira (10). O mundo ideal, segundo o treinador, o brasileiro Rafael Novaes Dias, é ficar em primeiro na chave e, assim, evitar um provável confronto contra a forte seleção do México nas quartas-de-final.

Uma vitória nas quartas já dá direito a uma vaga para o Mundial. Caso contrário, toda a preparação técnica e o esforço dos garotos terão de se transformar em motor para próximas competições.

Claro que, em um país com tantos problemas como o Haiti, existem dificuldades. No domingo, a uma semana do jogo, a data da viagem ao Panamá, por exemplo, ainda era um mistério, pois a parte burocrática cabe à Federação Haitiana de Futebol, o correspondente à CBF. Na segunda, souberam que a viagem será nesta quarta, mas mais longa do que o imaginado: de ônibus até a República Dominicana e, de lá, de avião até o Haiti.

São, no entanto, obstáculos menores do que os enfrentados pela seleção principal, que hoje não tem nem treinador. A sub-17 está bem amparada: a federação fez há cerca de dois meses uma parceria com a Academia Pérolas Negras, administrada pela ONG Viva Rio no Haiti, e os meninos passaram a receber atenção especial, alimentação e preparo físico supervisionados.

Além do técnico, o preparador físico, o fisioterapeuta, o preparador de goleiros e a nutricionista também são brasileiros.

Os selecionados estão na academia em Bon Repos, na região norte do país, concentrados em tempo integral durante a fase preparatória. São dois treinos diários, intercalados por aulas na escola da federação. O centro de treinamento conta com dois campos oficiais (um de grama sintética e um de grama natural), dois campos menores, também de grama sintética e natural, piscina, academia, lavanderia e, para tentar suprir a distância de família e amigos, acesso à internet.

Mas o que importa é que o grupo está unido. E que venham os Estados Unidos.


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