Folha de S. Paulo


Após despejo, comandante dos esportes aquáticos ataca Nuzman

O fechamento do Parque Aquático Julio Delamare, no Rio, estremeceu uma das mais antigas e emblemáticas alianças do esporte do país.

Mais longevo presidente de entidade esportiva no Brasil, Coaracy Nunes acusa Carlos Arthur Nuzman de inoperância no episódio que culminou com o despejo de atletas das piscinas, na segunda-feira.

O primeiro é presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) há 25 anos. O segundo comanda o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) há 18 --e, desde 2009, também chefia o Comitê Organizador da Rio-16.

"O COB não ajudou em nada. O Nuzman não ajudou em nada. Eu tinha a maior admiração por ele, mas agora isso mudou", afirmou Coaracy à Folha. "É a primeira vez que ele toma uma atitude contrária à minha confederação, ao meu esporte. E não vou esconder isso de jeito nenhum."

Patricia Stavis/Folhapress
Coaracy, da Confederação de Desportos Aquáticos, durante evento no Clube Pinheiros, em São Paulo
Coaracy, da Confederação de Desportos Aquáticos, durante evento no Clube Pinheiros, em São Paulo

O fechamento do complexo, que dará lugar a um estacionamento para o Maracanã, guarda uma ironia que exemplifica a histórica proximidade entre os dirigentes.

Entre as instalações que vão ser demolidas está o Centro de Treinamento de Saltos Ornamentais Carlos Arthur Nuzman, homenagem prestada por Coaracy em 2002.

"Nunca precisei puxar o saco de ninguém, nem do Nuzman. Mas ele conseguiu a verba para reformar aquele espaço e, por justiça, demos o nome dele. Ele ficou todo emocionado, mas agora não fez nada para impedir isso", disse o presidente da CBDA.

Por meio da assessoria de imprensa do COB, Nuzman disse que "mais importante que o nome da instalação é o contexto maior de transformação que o Rio está vivenciando em função da Copa de 2014 e dos Jogos de 2016".

O nome na fachada do prédio era apenas uma das demonstrações públicas de apoio e afagos. Cabo-eleitoral de Nuzman, Coaracy é figura constante em viagens do COB --estava na Dinamarca na escolha do Rio para sede da Olimpíada, por exemplo.

A insatisfação ganha importância diante do protagonismo da CBDA, que compõe com atletismo, judô, vela e vôlei o grupo de confederações que mais recebe verbas da Lei Piva, via COB --estimativa de R$ 3,5 milhões neste ano.

A natação é a quarta modalidade que mais conquistou medalhas para o país em Jogos Olímpicos: 13.

Na semana passada, a CBDA foi informada pelo governo do Rio de que o Julio Delamare seria fechado anteontem. Além de local de treinos e competições, a área abriga a sede da entidade.

Ontem, Coaracy se reuniu com a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer e conseguiu adiar a mudança para um novo escritório até 10 de maio.

Os atletas, porém, ainda não sabem onde vão treinar.


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