Folha de S. Paulo


À beira de queda à 3ª divisão, Juventus ainda fala em arena e irrita torcida

Vice-lanterna do Campeonato Paulista da segunda divisão a duas rodadas do fim da primeira fase, o Juventus, da Mooca, ainda sonha com a participação na Copa-2014.

Para tanto, o clube quer ampliar o seu estádio Conde Rodolfo Crespi, conhecido como Rua Javari. O espaço, que atualmente comporta quatro mil torcedores e não possui iluminação, daria lugar a uma moderna arena com capacidade para 20 mil espectadores. Assim, o Juventus espera receber uma seleção de pequeno ou médio porte no Mundial.

Antes mesmo de a reforma ser apresentada ao Conselho Deliberativo ( o que deve acontecer em abril), o local já foi vistoriado por dois membros do Comitê Organizador Local (COL), no dia 9 de dezembro passado.

"O valor da obra está estipulado em R$ 200 milhões e o prazo para sua construção é de 15 meses. Aprovada, vamos começar imediatamente", disse o presidente do clube, Rodolfo Cetertick, à Folha.

"Neste período, precisaríamos alugar um estádio para mandar os jogos, porém nem pensei nisso ainda", continuou o cartola.

O presidente rechaçou o uso de verba pública na construção da arena. "Não temos dinheiro em caixa. Contaremos com a ajuda de investidores privados", declarou.

A idealização do projeto foi anunciada oficialmente no último dia 11 de janeiro e provocou a ira de parte da torcida. "Sou contra a arena, pois ela descaracterizaria totalmente a Javari. Não teria mais graça. O estádio seria apenas mais um. O legal da Javari é seu clima, o romantismo e o histórico que todos gostam e respeitam", falou o estudante Vinícius Piza, moderador de uma página dedicada ao Juventus em uma rede social.

A irritação aumentou com os maus resultados na segunda divisão do Estadual. Dos 17 jogos realizados pela competição, o time venceu quatro, empatou dois e perdeu onze. Foram quatro técnicos no comando da equipe durante o torneio.

Agora, o Juventus precisa de um milagre para não voltar à terceira divisão do Paulista. O clube possui apenas 14 pontos, três a menos do que o Barueri, primeiro time fora da zona de rebaixamento.

Alvo de protestos dos torcedores na internet e nos jogos da equipe, Cetertick comparou a Javari ao estádio londrino de Wembley.

"O Wembley é um marco e foi demolido. Os torcedores puderam levar traves, gramado e bancos. Não entendo esta polêmica com a Javari. Acho que depois do Wembley é o estádio mais emblemático do mundo", ironizou.

"Não vamos perder os torcedores. Vamos ter mais gente torcendo pelo Juventus, pois o estádio será confortável e atraente. Até por questão de espaço, a torcida continuará próxima ao gramado. Se for o caso, mantenho o placar manual, mas, claro, haverá um eletrônico também. O tempo acaba com tudo e não dá para ficar do jeito que está", afirmou o presidente. "O projeto será apresentado independentemente da queda para a terceira divisão e da insatisfação de alguns torcedores", avisou.

Durante a disputa do Estadual, a Promotoria de Justiça do Consumidor alegou falta de segurança na estrutura da Javari e pediu para a Federação Paulista de Futebol interditar o estádio. O clube realizou um jogo com portões fechados.

Após as duas últimas partidas pelo torneio, o Juventus só volta a campo oficialmente no segundo semestre, quando disputará a Copa Paulista.

Além da arena, a diretoria executiva planeja a construção de um hotel quatro estrelas na sede social do clube para hospedar uma delegação na Copa. "O custo é de R$ 70 milhões e não mexeremos na estrutura. As dependências continuarão abertas aos 48 mil sócios", completou Cetertick.


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