Folha de S. Paulo


Felipão exige goleiro experiente na Copa-2014, e Julio César larga na frente

O preparador de goleiros da seleção brasileira, Carlos Pracidelli, acertou sua ida para o Coritiba no fim do ano passado com a missão de formar novos goleiros, algo que, segundo ele próprio, lhe é "algo bem familiar". Mas esse caso se restringe apenas quando o assunto é o clube. Porque na seleção a história toma outra rumo.

Um dos homens de confiança de Luiz Felipe Scolari (só perde para o auxiliar Flávio Murtosa), Pracidelli admite que o camisa 1 do Brasil na Copa de 2014 será um goleiro já rodado. E Julio César lidera a lista.

"Tem que ser experiente, que consiga suportar toda esta carga de responsabilidade, não só quando a Copa é disputada na Europa, mas principalmente nesta Copa que vai ser disputada no Brasil. E nós temos goleiros com esse perfil", disse Pracidelli em entrevista por telefone para a Folha.

Em 2002, Felipão chamou três goleiros experientes. Marcos (que na época tinha 28 anos) e Rogério (29) eram incontestáveis em seus clubes, enquanto Dida (28) começava sua trajetória vitoriosa pelo Milan.

Agora, com Marcos já aposentado e Rogério e Dida fora dos planos, tudo gira em torno de Julio César, 33, atualmente no Queens Park Rangers, da Inglaterra, reserva na Copa de 2006 e titular em 2010, quando saiu como um dos vilões após a derrota para a Holanda nas quartas de final após trombar com o volante Felipe Melo e o Brasil levar o primeiro gol.

"O Julio tem todo esse perfil de experiência e de conquistas fora do Brasil. Nesse primeiro jogo [o amistoso contra a Inglaterra], ele fez uma partida sensacional. O Julio respondeu totalmente [às expectativas]", afirmou.

Os técnicos da seleção brasileira sempre preferiram goleiros experientes. O último arqueiro com menos de 25 anos a servir o time nacional em uma Copa do Mundo foi Dida, em 1998. Foi reserva de Taffarel no Mundial da França.

Adrian Dennis/AFP
O goleiro Julio César salta para tentar uma defesa em amistoso contra a Inglaterra, em fevereiro deste ano
O goleiro Julio César salta para tentar uma defesa em amistoso contra a Inglaterra, em fevereiro deste ano

De 2002 em diante, a média de idade da posição de goleiro foi sempre superior às demais posições (defesa, meio-campo e ataque) na Copa. Apesar disso, Pracidelli diz que o país não vive uma escassez de novos goleiros.

"Acredito que a nossa safra é muito boa. Nós temos goleiros importantes. O goleiro brasileiro já atingiu um nível excelente a ponto de ser importado", afirmou.

Mas o técnico Mano Menezes sofreu para encontrar um camisa 1 de confiança. Com ele no comando, a equipe teve 13 arqueiros diferentes, num período de pouco mais de dois anos.

Sem muitos jogos pela frente até a Copa do Mundo, Pracidelli diz que Felipão corre contra o tempo para definir logo o seu goleiro, mas que isso não será um problema.

"O objetivo da comissão é procurar o mais rápido possível formar uma equipe base. E em cima dessa equipe base, o Scolari procura colocar a sua filosofia de trabalho. O nosso plano já está sendo desenvolvido", afirmou.


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