Folha de S. Paulo


Zebras do interior surpreendem sedes da Copa e duelam pela 'Lampions League'

O nordeste brasileiro vai ser representado por quatro capitais na Copa do Mundo-2014: Fortaleza, Natal, Recife e Salvador.

Todas as cidades estão em obras para receber o torneio mundial (apenas o estádio Castelão, em Fortaleza, já foi inaugurado), mas nenhuma delas terá um clube na final da competição mais importante da região.

Reprodução
Logomarca da
Logomarca da "Lampions League" do NordWest

Aliás, até os seus respectivos estados estão fora da decisão da Copa do Nordeste, que é chamada de "Lampions League". A brincadeira é um trocadilho com Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o cangaceiro nordestino mais temido e conhecido no início do século passado e a Champions League, principal torneio entre clubes da Europa.

O paraibano Campinense e o alagoano ASA de Arapiraca surpreenderam adversários tradicionais e vão duelar pela taça, neste domingo, no estádio Ernani Sátyro, usualmente chamado de Amigão, em Campina Grande, na Paraíba.

"Hoje, no futebol brasileiro, existe um grande equilíbrio entre as séries A, B, C e D. Há grandes jogadores, principalmente no Nordeste. A região é um celeiro de craques e a Copa do Nordeste começa a despontar estes atletas. Assim, as equipes do interior conseguem mostrar seus grandes jogadores para o sul e para as capitais nordestinas", declarou o diretor executivo do ASA, José de Oliveira, por telefone, à Folha

Divulgação/Campinense
Jogadores do ASA e do Campinense perfilados antes da primeira partida da final em Arapiraca
Jogadores do ASA e do Campinense perfilados antes da primeira partida da final em Arapiraca

Dos 16 times que iniciaram o torneio, dez estão sediados em capitais.

"Desbancar clubes como Vitória, Sport, Santa Cruz e ABC é um grande feito. Estamos anos-luz abaixo deles", admitiu Oliveira.

A média de público da primeira fase da competição foi de 6.740 pagantes. Na segunda (até o primeiro jogo da final), subiu para 15.965. Já na decisão, o público do primeiro jogo foi de 7.062 pagantes (10.235, no total) com uma arrecadação total de R$ 168.850,00.

De acordo com o cartola, a folha salarial e os custos operacionais do ASA giram em torno de R$700 mil por mês.

"Temos todas as certidões de dívidas negativas. Procuramos honrar nossos compromissos e não prometer o que não podemos cumprir", afirmou o dirigente.

Apesar da satisfação de Oliveira, a situação do clube alagoano na decisão é complicada. O ASA foi derrotado por 2 a 1 pelo Campinense, diante de sua torcida em Arapiraca, e precisa vencer o rival por dois ou mais gols de diferença, neste domingo, para ficar com a taça.

Mesmo com a vantagem do resultado na ida e o apoio dos fãs do Campinense, o técnico da equipe paraibana, Oliveira Canindé, pediu cautela para a final.

"O que mais me preocupa é o oba-oba, achar que já ganhou. O 'achismo' só atrapalha. Não temos o direito de achar que já ganhamos alguma coisa, quando na verdade não conquistamos nada. Falta ainda o segundo jogo e ele vai nos dizer se seremos campeões ou não desta competição", declarou o treinador à TV oficial do clube.

"O inteligente aprende com os seus erros. O sábio, com os dos outros. Então que saibamos aprender com os erros de quem já foi eliminado pelo ASA, mesmo com a vantagem", completou.

Canindé se refere principalmente às semifinais da Copa do Nordeste, quando o time alagoano eliminou o favorito Ceará, em pleno Castelão, com uma vitória por 1 a 0. Na ida, as duas equipes haviam empatado por 3 a 3 em Arapiraca.

O próprio Campinense também surpreendeu um adversário cearense na semifinal. Depois de perder por 2 a 1 para o Fortaleza, fora de casa, o clube paraibano deu o troco por 1 a 0 e avançou à decisão por ter feito um gol longe de seus domínios.

Jarbas Oliveira/Folhapress
Abertura do Castelão, estádio da Copa em Fortaleza, teve Ceará x Bahia e Fortaleza x Sport, ambos pela Copa do Nordeste
Abertura do Castelão, estádio da Copa em Fortaleza, teve Ceará x Bahia e Fortaleza x Sport, ambos pela Copa do Nordeste

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