Folha de S. Paulo


Felipão repete 2002 e promoverá volta de cabeça-de-área

A derrota para a Inglaterra no primeiro jogo de Luiz Felipe Scolari em seu retorno à seleção será responsável pela volta do chamado cabeça-de-área à equipe na preparação para a Copa das Confederações (de 15 a 30 de junho) e Copa do Mundo de 2014 (de 12 junho a 13 de julho).

Na partida contra os ingleses, em que o Brasil perdeu por 2 a 1 em Londres em fevereiro, o técnico campeão do mundo em 2002 seguiu a tendência do antecessor Mano Menezes e escalou a equipe com os volantes Paulinho e Ramires, ambos com boa saída de bola mas de marcação mais frouxa.

Marcelo Sayão/Efe
O técnico Felipão dá entrevista no Rio
O técnico Felipão dá entrevista no Rio

Felipão reprovou o posicionamento do time, que deu espaço ao adversário, e decidiu retornar a uma formação semelhante à utilizada por ele mesmo na conquista do pentacampeonato mundial na Ásia, tendo um homem de proteção fixo à frente dos zagueiros.

"Não quero deixar meus zagueiros no mano a mano, não vou deixar", disse Felipão, nesta terça-feira, após anunciar que preferiu Kaká a Ronaldinho Gaúcho.

"Independentemente de quem seja, se não for esse, vai ser aquele, mas os meus zagueiros não vão ficar expostos no mano a mano toda hora. O nosso posicionamento em determinado momento não foi correto", afirmou o treinador sobre o desempenho do Brasil contra a Inglaterra, em Wembley.

Para os jogos contra Itália (dia 21, em Genebra) e Rússia (dia 25, em Londres), Felipão convocou pela primeira vez o cabeça-de-área Fernando, do Grêmio, a quem descreveu como jogador com características para proteger a defesa.

Outra possibilidade é adiantar o zagueiro David Luiz para jogar no meio-campo, como o 'cão-de-guarda' da defesa. O jogador do Chelsea disse que está aberto a repetir na seleção o que já tem realizado no time londrino nesta temporada.

Marcelo Sayão/Efe
Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira
Luiz Felipe Scolari, técnico da seleção brasileira

"Não gosto de deixar exposta a minha defesa, sem um jogador com características defensivas", disse o treinador. "Da forma como nós entendemos que devemos jogar daqui para frente não é a mesma forma que jogamos contra a Inglaterra, então vamos mudar um pouquinho."

Em 2002, Felipão conseguiu corrigir os problemas até então crônicos da defesa brasileira com uma formação com três zagueiros, em que Edmilson atuava como zagueiro ou cabeça-de-área, dependendo do adversário e da situação de cada partida. Esse seria o papel eventualmente realizado agora por David Luiz, jogando à frente dos zagueiros Thiago Silva e Dante.

Os cabeças-de-área, jogadores normalmente de baixa qualidade técnica mas de marcação firme, foram abolidos da seleção brasileira pelo ex-técnico Mano Menezes assim que assumiu o time no lugar de Dunga, que tinha sido bastante criticado por ter montado um time defensivo que foi eliminado nas quartas de final da Copa do Mundo de 2010.

Mano não conseguiu conquistar nenhum título em dois anos e meio à frente da equipe e acabou sendo demitido no final de 2012, abrindo espaço para o retorno de Felipão. E agora dos cabeças-de-área.

"Essa história de que os volantes têm que chegar lá na frente toda hora e tentar fazer gol... eu tenho é que não tomar o gol", afirmou.


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