Folha de S. Paulo


Jogadores da seleção do Mali doam parte de prêmio para combate contra extremistas

Os jogadores da seleção do Mali abdicarão de parte do prêmio que receberão por avançar às quartas de final da Copa Africana de Nações para apoiar a ofensiva do governo e da França, contra os rebeldes salafistas, que dominam as províncias setentrionais do país.

O anúncio foi feito pelo meia Seydou Keita, ex-Barcelona e atualmente no Dalian Aerbin, da China, e foi publicado pelo jornal sul-africano "Mail and Guardian".

"Pedi ao nosso governo que reduza nossa premiação. Minha prioridade é jogar pelo meu país", disse Keita, garantindo que todos os demais jogadores estão de acordo.

Siphiwe Sibeko - 20.jan.13/Reuters
Seydou Keita (dir.) comemora gol do Mali contra Níger pela Copa Africana de Nações, em Port Elizabeth (África do Sul)
Keita (12) comemora gol do Mali contra Níger pela Copa Africana de Nações, em Port Elizabeth (África do Sul)

"O país está em processo de recuperar a região norte, o povo está começando a levantar a cabeça e a classificação dará muita alegria a nossa nação", completou o meia.

O campeão da Copa Africana de Nações garantirá uma vaga na Copa das Confederações, em junho, no Brasil.

O CONFLITO

O Exército de Mali e as Forças Armadas francesas lideram, desde 11 de janeiro, uma ofensiva para recuperar a região do país africano, que está sob controle de rebeldes fundamentalistas islâmicos desde junho.

A ocupação começou há 18 dias. Nesse período, a França enviou quase 3.000 soldados e fez bombardeios e ações antiaéreas em diversas cidades do Mali, tendo como principal alvo o norte, dominado por radicais islâmicos.

Os franceses dominaram na segunda (28) a cidade histórica de Timbuktu, que estava sob comando rebelde desde junho. A conquista se soma à de Gao, outra das principais regiões malinesas que estavam sob domínio dos rebeldes.

CONTROLE

Nesta terça, o Exército do Mali confirmou o domínio de Timbuktu e disseram que a cidade está livre dos radicais islâmicos. Moradores, no entanto, disseram à agência de notícias France Presse que houve saques em lojas de comerciantes árabes acusados de associação com os terroristas.

Os extremistas também foram expulsos da cidade de Kidal, no nordeste malinês, mas pelos tuaregues do Movimento Nacional de Liberação do Azawad. Em comunicado, os insurgentes defenderam o diálogo com a França, mas recusaram qualquer domínio do norte do Mali pelo governo central.

Também foi informado nesta terça que a missão militar no Mali conseguiu US$ 455 milhões (R$ 920 milhões) de doadores internacionais, entre governos e empresas. Os principais doadores foram o Japão, com US$ 120 milhões, seguido por Estados Unidos (US$ 96 milhões) e União Europeia (US$ 63 milhões).

Editoria de Arte
Mali

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