Folha de S. Paulo


Vitória de novato do Quênia na São Silvestre retoma hegemonia do país na prova

A vitória queniana na São Silvestre, ontem, já era carta marcada entre os próprios corredores de elite --é a 13ª do país nas últimas 20 edições. Mas o triunfo do novato Edwin Kipsang, 24, revelou a nova safra de maratonistas africanos que deve virar figura carimbada nos pódios brasileiros.

Kipsang contou com a ausência de atletas do primeiro escalão de seu país para vencer a prova em 44min04s.

Rivaldo Gomes/Folhapress
Edwin Kipsang, ganhador da 88ª São Silvestre
Edwin Kipsang, ganhador da 88ª São Silvestre

Sua inédita conquista teve como mérito desbancar os favoritos, seus compatriotas Joseph Aperumoi, 22, e Mark Korir, 27, respectivamente segundo e terceiro colocados.

Filho de um pequeno produtor de milho em Kapsabet, ao norte da capital Nairóbi, Kipsang começou a competir profissionalmente em 2010, mas só foi "descoberto" em fevereiro deste ano pelo brasileiro que é técnico e agente de atletas estrangeiros Moacir Marconi, o Coquinho.

"Fiz uma prova de 10 km no Quênia, e ele ficou em terceiro mesmo tendo competido no dia anterior. Analisei a idade e o resultado e decidi dar uma chance para ele", contou Coquinho.

A primeira viagem internacional do queniano aconteceu em agosto, para a Meia-maratona do Rio. Kipsang serviu de "coelho" (corredor que sai na frente e marca o ritmo para os competidores) para o colega Korir, que terminou em segundo lugar.

Seu cartão de visita foi apresentado em uma prova de 10 km no Rio, em novembro. Ele correu a distância em menos de 29min, marca alcançada atualmente por apenas quatro brasileiros. Ainda assim, sua conquista da São Silvestre foi surpreendente.

"Não esperava ganhar a prova. Estou muito feliz e espero voltar no ano que vem para correr novamente", disse Kipsang, que, mesmo sem conhecer o percurso previamente, retomou a hegemonia queniana na prova.

No ano passado, a vitória foi do etíope Tariku Bekele. O último triunfo do Quênia, que tem o pentacampeão Paul Tergat como maior vencedor, foi James Kipsang, bicampeão em 2008 e 2009.

Depois de garantir o prêmio de R$ 50 mil --o maior do atletismo de rua brasileiro --, Kipsang ainda vai competir no próximo dia 6 a Corrida de Reis de Cuiabá, no Mato Grosso, que dá um carro zero ao vencedor, antes de retornar ao Quênia em fevereiro.

DESCIDA

Sem Marilson dos Santos, melhor fundista do país no ano e campeão da São Silvestre em 2010, o brasileiro mais bem colocado foi Giovani dos Santos, que ficou em quarto.

Para ele, sua derrota ocorreu nas descidas do percurso. "Não sou muito rápido em descidas e não consegui acompanhar o ritmo deles, que estava forte", disse.

Giovani ficou para trás do pelotão da frente no km 5, após a descida da rua Major Natanael, e não conseguiu mais alcançar o grupo.


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