Folha de S. Paulo


Romário diz que Olimpíada do Rio tem que ser investigada

Às vésperas da eleição para a presidência do Comitê Olímpico Brasileiro, o ex-jogador e deputado Romário (PSB-RJ) disse que pedirá investigações sobre o episódio do furto de dados de Londres-2012 por funcionários da Rio-2016.

Romário pretendia discursar no plenário da Câmara dos Deputados ontem, mas não houve sessão e ele publicou nota em seu site.

O deputado disse que pedirá uma investigação por parte do governo federal e proporá que os envolvidos sejam ouvidos na Câmara. Romário classificou o caso de "fatos vergonhosos".

André Borges - 6.set.12/Folhapress
Romário discursa no plenario da Camara dos Deputados
Romário discursa no plenario da Camara dos Deputados

"Mais do que nunca, é preciso que a presidenta Dilma [Rousseff] e o ministro Aldo Rebelo [Esporte] se mantenham firmes e não recuem da decisão de só repassar recursos públicos a entidades que modernizarem seus estatutos e limitarem os mandatos dos seus dirigentes."

Romário afirmou que pedirá na Câmara uma auditoria nas contas do COB, em especial na aplicação de recursos públicos. O deputado levantou ainda suspeitas sobre o presidente Carlos Arthur Nuzman e a venda de ingressos para a Rio-2016.

O deputado cobrou de Nuzman esclarecimentos acerca da atuação do "amigo" de Nuzman, Patrick Hickey, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).

"Soube de fonte segura que o filho dele trabalha numa subsidiária da empresa que ganhou, pela mão do senhor Hickey, o direito de vender ingressos para os Jogos Olímpicos de 2016", disse Romário. O deputado cobra esclarecimentos por parte de Nuzman.

"Gostaria de saber --talvez o Sr. Nuzman possa esclarecer ao parlamento e à sociedade brasileira -- se o Sr. Hickey costuma visitar o Rio para contribuir com os preparativos do evento, ou para sondar oportunidades de negócios para sua família", disse.

A cobrança de Romário ocorre às vésperas de Nuzman concorrer, como candidato único, à presidência do COB -- ele está no cargo há 17 anos. Romário classificou a presidência de Nuzman como um "reinado".

Romário levantou ainda questionamento se Nuzman "está realmente comprometido com os interesses do Brasil, ou se ele atende, em primeiro lugar, ao Comitê Olímpico Internacional". Procurado, o COB disse que não comentaria as declarações. O comitê Rio-2016 e o COI também não responderam.

OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria de imprensa, o comitê organizador da Olimpíada do Rio, em 2016, defendeu-se das acusações de Romário. Leia a íntegra da nota:

"Rio de Janeiro, Brasil: 03 de outubro de 2012: A Comissão de Coordenação do COI para o Rio 2016 (CoCom) tem como missão acompanhar a evolução da organização dos Jogos e realiza, desde 2010, reuniões anuais de trabalho no Rio de Janeiro, com a presença de todos os seus 17 integrantes. A partir de 2013, essas reuniões passarão a acontecer duas vezes por ano. Patrick Hickey é membro da CoCom e do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI). Hickey não tem qualquer relação funcional, contratual nem administrativa com o Rio 2016.

O Rio 2016 está na fase inicial da elaboração do plano operacional de venda de ingressos para os Jogos Rio 2016, o qual definirá, por exemplo, categorias e preços, quantidade e disponibilidade, entre outros itens.

A venda de ingressos no Brasil é de responsabilidade do Rio 2016, que realizará, no final de 2013, um processo público de seleção da empresa que irá fornecer o sistema de venda dos ingressos.

Para as vendas internacionais, como parte do desenvolvimento do projeto de bilheteria do Rio 2016, e de acordo com as regras atuais do COI, o Rio 2016 decidirá a melhor forma de trabalhar com cada Comitê Olímpico Nacional e seu Revendedor de Ingressos Autorizado para uma venda eficiente de ingressos do Rio 2016 no exterior."


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