Folha de S. Paulo


Enxurrada de recordes marca Jogos Paraolímpicos de Londres

Cada vez mais profissionalizado, com mais participantes e apoio financeiro, os Jogos Paraolímpicos impressionam pelo número de recordes quebrados em sua edição londrina, que acaba hoje.

Até sexta-feira, Londres já havia registrado 438 quebras de recordes mundiais. Na Paraolimpíada de Pequim, há quatro anos, foram 279.

Só no primeiro dia de competição na Inglaterra, foram 28 novas marcas mundiais.

"A cada ano, o paradesporto fica mais profissionalizado e mais forte. Até pouco tempo atrás, o para-atleta trabalhava sete horas por dia e treinava duas. Hoje, vários já têm condições de se dedicar apenas à carreira de nadador ou de corredor, por exemplo. Isso eleva o nível técnico", afirma Edilson Alves da Rocha, diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro.

Como no esporte olímpico, a evolução tecnológica também é responsável por melhores tempos. Próteses e bicicletas mais avançadas, por exemplo, contribuem para a busca de melhores marcas.

"A tecnologia tem algum envolvimento na melhoria dos índices, mas não é o fator mais importante. Os para- -atletas estão mais bem treinados e com mais patrocínios. Isso faz a diferença", afirma Craig Spence, diretor de comunicação do Comitê Paralímpico Internacional.

Gerry Penny/Efe
Brasileiros comemoram a medalha de ouro no futebol de cegos, conquistada sobre a França
Brasileiros comemoram a medalha de ouro no futebol de cegos, conquistada sobre a França

Há casos em que as marcas são quebradas duas vezes, em uma mesma categoria de modalidade, ao longo do dia: uma nas classificatórias e outra na final. Na Paraolímpiada, há categorias diferentes para cada tipo de comprometimento físico ou sensorial.

Atletismo e natação foram as modalidades com maior número de novos recordes mundiais: 221 e 148, respectivamente. Na Olimpíada, os mesmos esportes tiveram 47 (atletismo) e 31 (natação) marcas mundiais quebradas.

Especialistas esportivos avaliam que há espaço para quebras de índices no paradesporto. Para Murilo Barreto, coordenador da natação brasileira, "com mais investimento em ciência e tecnologia paradesportiva", recordes antigos ficam ameaçados.

Competidores de classes limites (com deficiências quase imperceptíveis) são os que mais sentem a pressão por melhores resultados, com a entrada de mais para-atletas.

"Minha classe (S10, de menor comprometimento motor) é a fronteira entre olímpicos e paraolímpicos. Os atletas têm percebido o potencial e a importância deste esporte. Os adversários me estimulam a evoluir mais", diz o nadador André Brasil, duas medalhas de ouro e dois recordes mundiais nestes Jogos.

O jornalista JAIRO MARQUES viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro


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