Folha de S. Paulo


OMS comemora grandes avanços na luta contra doenças negligenciadas

Alvin Baez/Reuters
Mosquitos _Aedes aegypti_ são analisados em laboratório americano
Mosquitos Aedes aegypti são analisados em laboratório americano

A OMS (Organização Mundial da Saúde) comemorou nesta quarta-feira (19) os "avanços sem precedentes" na luta contra 18 doenças tropicais neglicenciadas, entre elas a dengue, que deixam 170.000 mortos e milhões de deficientes a cada ano.

A agência de Saúde da ONU, companhias farmacêuticas e grupos da sociedade civil liderados pela Fundação Bill e Melinda Gates travaram uma longa batalha para erradicar essas doenças, que são tratáveis mas que até pouco tempo atrás não haviam recebido muita atenção.

"É realmente a história de um maravilhoso avanço", disse Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, em Genebra, com ocasião da publicação do último relatório da OMS sobre a luta contra as doenças tropicais negligenciadas.

"Nos últimos dez anos, milhões de pessoas saíram da invalidez e da pobreza graças a uma das colaborações globais mais efetivas na saúde pública moderna", afirmou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em um comunicado.

Um total de 1,6 bilhão de pessoas sofrem com doenças negligenciadas, entre elas mais de 500 milhões de crianças, mas o número diminuiu desde 2010, quando mais de dois bilhões de indivíduos eram afetados por estas patologias, segundo a OMS.

O esforço no combate a essas condições foi intensificado em 2012, quando os governos e a indústria farmacêutica assinaram a Declaração de Londres, na qual se comprometeram a dar recursos para ajudar a eliminar as doenças negligenciadas mais comuns.

Desde então, as empresas doaram milhões de doses de tratamento, permitindo que um bilhão de pessoas obtivessem terapias para ao menos uma doença em 2015.

Foram dados grandes passos para controlar algumas das piores doenças, incluindo a Dracunculíase, causada pelo verme da Guiné, que cresce no corpo dos que consomem água contaminada com pulgas aquáticas infectadas por este parasita.

No ano passado foram registrados apenas 25 casos dessa doença em humanos, uma redução drástica em comparação com os 900.000 de 1989, quando a patologia era endêmica em 21 países. A erradicação está "ao alcance", apontou a OMS.

Também diminuíram muito os casos de tripanossomíase africana, mais conhecida como doença do sono, transmitida pela mosca tsé-tsé. Em 2015, foram registrados 2.804 afetados, em comparação com os 37.000 de 1999, afirmou a OMS, que tem a meta de eliminar totalmente esta patologia até 2030.

Embora tenha havido muitos progressos contra as doenças negligencias, a OMS advertiu que os avanços podem se estagnar se problemas mais amplos relacionados com a pobreza não forem enfrentados.

A organização estima que 2,4 bilhões de pessoas ainda carecem de instalações básicas de saneamento, como banheiros e latrinas, enquanto quase dois bilhões usam fontes de água potável contaminadas com matéria fecal.


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