Folha de S. Paulo


Monitorar câncer de próstata é tão eficaz quanto tratamento clássico

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Câncer de próstata é o mais comum em homens
Câncer de próstata é o mais comum em homens

Um novo estudo do Reino Unido, publicado nesta quarta (14) pelo prestigioso periódico científico "New England Journal of Medicine" aponta que pacientes que se submetem a procedimentos como a remoção cirúrgica da próstata ou o tratamento de radioterapia tem chance tão alta de sobreviver quanto aqueles que apenas fazem um monitoramento ativo do tumor.

A tática menos radical consiste em, após localizado e avaliado o tumor, realizar exames periódicos de sangue para saber se há progressão. Foram acompanhados mais de 1.600 casos positivos para câncer de próstata, detectados entre 1999 e 2009.

Houve 17 mortes ligadas ao câncer de próstata: oito no grupo de monitoramento ativo, cinco no grupo de cirurgia e quatro no de radioterapia. Normalizando essas mortes para cada 1.000 anos vividos dos participantes (pessoas-ano), as taxas são, respectivamente 1,5, 0,9 e 0,7.

A diferença não foi considerada significante, ou seja, não seria possível, estatisticamente, apontar que um procedimento é pior ou melhor com relação à mortalidade. O que sobra é uma boa vantagem para o método de monitoramento. Isso porque, embora exista um risco de complicações (e de cirurgia ou tratamento radioterápico posterior) mais do que dobrado no grupo de monitoramento, 44% desses homens (44%), após 10 anos, não precisou passar pelo estresse dessas intervenções.

Entre as possíveis complicações de abordagens mais agressivas estão a incontinência urinária, a disfunção erétil (impotência), problemas intestinais e aparecimento de hérnia inguinal, por exemplo.

O prejuízo do monitoramento ativo ficou por conta de um aumento na chance de metástase, "provavelmente por causa de pacientes com tumor em estágio intermediário incluídos no estudo", comenta o oncologista clínico Fernando Maluf, que não participou da pesquisa. A escolha da melhor abordagem varia de acordo com características do paciente, como a idade, e do tumor, como estágio de desenvolvimento que se encontra, diz o médico. Tanto exames de imagem quanto de sangue (como o PSA) podem ser empregados nessa avaliação.

Uma das limitações do estudo, escrevem os autores, é que como ele foi desenhado há mais de duas décadas, há grande discrepância em comparação aos métodos de diagnóstico atuais e em relação à classificação do tumor. O trabalho também não abordou todas as formas possíveis de tratamento. Outro fator limitante é o étnico, já que menos de 1% dos participantes tinham origem africana ou caribenha.

A taxa de mortalidade especificamente ligada à próstata avaliada pelo estudo ficou entre 0,4% (radioterapia) e 1,2% (monitoramento ativo). Já a taxa global de mortalidade, por qualquer causa, foi de cerca de 10%.

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