Folha de S. Paulo


Novo estudo associa surdez em bebês à infecção pelo vírus da zika

Divulgação
Estudo realizado no Recife identificou que 5,8% das crianças com zika apresentam perda auditiva
Estudo realizado no Recife identificou que 5,8% das crianças com zika apresentam perda auditiva

Surdez é a mais nova inclusão na lista de possíveis consequências do vírus da zika para os bebês infectados. A novidade foi publicada em um estudo comandado pelo serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Agamenon Magalhães, do Recife (PE), e divulgado pelo CDC (Centro de Controle de Doenças, dos EUA).

O principal achado é que a surdez aparece em infecções pelo vírus da zika assim como em outras infecções congênitas (como citomegalovírus, sífilis e toxoplasmose), em uma taxa de 5,8% (quatro em 69). A surdez aparece entre 6% e 65% dos outros casos de infecção congênitas

Segundo os cientistas alguma lesão pode ter acontecido tanto na cóclea (na orelha interna) quanto no cérebro, provocando a perda de audição. O estudo foi feito com bebês de 0 a 10 meses de idade.

Zika e microcefalia

A amostra é pequena, mas o achado já serve de alerta –é necessário investigar alterações de visão, ortopédicas, na formação cerebral, além no desenvolvimento psicomotor nas crianças afetadas para minimizar as consequências no futuro.

Uma das limitações do estudo, alertam cientista, é o fato de só terem sido analisados bebês com microcefalia. "É possível que o espectro completo da infecção congênita pelo vírus da zika inclua crianças sem microcefalia, mas com déficit auditivo, como ocorre com rubéola e citomegalovírus, nas quais as crianças sem anomalias estruturais aparentes podem ter perda auditiva desde o nascimento ou mais tarde", escrevem os autores.

Também não foi possível estimar a fração dos bebês que terá perda progressiva da audição. Dada a "preferência" do vírus por células nervosas (neurotropismo), não seria surpreendente se uma maior variedade de danos neurológicos forem achados futuramente.

A perda auditiva aconteceu predominantemente em bebês cujas mães tiveram febre com rash cutâneo (exantema) no primeiro trimestre de gestação. Os autores propõem que esse momento de infecção seja um fator de risco.


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