Folha de S. Paulo


Obesidade diminui expectativa de vida em até dez anos, aponta novo estudo

Estar acima do peso diminui cerca de um ano da expectativa de vida de um indivíduo, um preço que sobe para cerca de dez anos nos casos de obesidade severa, de acordo com um estudo amplo publicado nesta quinta (14) na revista médica "The Lancet".

A pesquisa refuta estudos anteriores que concluíram que ter alguns quilos extras não traz riscos para a saúde. Em vez disso, o novo estudo revelou evidências de que o risco de morrer antes de seu aniversário de 70 anos aumenta, "de forma gradual e acentuada", conforme a cintura se expande.

"Esse estudo mostra, definitivamente, que o excesso de peso e a obesidade estão associados a um risco de morte prematura", disse a líder da pesquisa, Emanuele Di Angelantonio, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O risco de doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, doenças respiratórias e câncer "aumentaram todos", disse a pesquisadora.

Thinkstock/BBC
Pessoas com excesso de peso perdem em média cerca de um ano das suas expectativas de vida
Pessoas com excesso de peso perdem em média cerca de um ano das suas expectativas de vida

Usando dados de quase 4 milhões de adultos de quatro continentes, o estudo descobriu que as pessoas com excesso de peso perdem em média cerca de um ano das suas expectativas de vida, e as pessoas "moderadamente obesas" perdem cerca de três anos. "Pessoas severamente obesas perdem cerca de dez anos da expectativa de vida", afirmou Di Angelantonio.

Uma equipe internacional de pesquisadores selecionou dados a partir de mais de 10,6 milhões de participantes de 239 grandes estudos realizados entre 1970 e 2015 em 32 países na América do Norte, Europa, Austrália, Nova Zelândia e no leste e no sul da Ásia. O trabalho foi considerado o maior conjunto de dados sobre excesso de peso e mortalidade já reunido.

PESQUISA

Para descartar o impacto de outros riscos de mortalidade, a equipe excluiu fumantes e ex-fumantes, portadores de doenças crônicas e pessoas que morreram nos primeiros cinco anos das pesquisas –e ficaram com uma amostra de 3,9 milhões de adultos.

A equipe dividiu a amostra em categorias de acordo com seu Índice de Massa Corporal (IMC) –peso dividido pelo quadrado da altura– e comparou os números e as causas de morte em cada grupo. De acordo com o padrão da OMS (Organização Mundial de Saúde), um IMC de 18,5 a 24,9 é considerado normal, de 25 a 29,9 excesso de peso, de 30 a 34,9 obesidade moderada, de 35 a 39,9 obesidade severa, e acima de 40 obesidade mórbida.

Os pesquisadores descobriram que o risco de morrer antes dos 70 anos aumentou de 19% em homens com peso normal para 29,5% em homens moderadamente obesos. Entre as mulheres, esse risco aumentou de 11% para 14,6%. "Isso corresponde a um aumento absoluto de 10,5%, para os homens, e 3,6%, para as mulheres", disse um comunicado da revista "The Lancet".

Se todas as pessoas com sobrepeso e obesidade tivessem níveis normais de IMC, isso evitaria uma em cada cinco mortes prematuras na América do Norte, uma em cada seis na Austrália e na Nova Zelândia, uma em cada sete na Europa e uma em cada 20 no leste da Ásia, concluiu o estudo.

Em 2014, de acordo com a OMS, mais de 1,9 milhão de adultos em todo o mundo estavam acima do peso. Desses, mais de 600 milhões eram obesos. O excesso de peso é associado a doenças cardíacas, derrame e a alguns tipos de câncer.


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