Folha de S. Paulo


Médicos promovem 'vaquinha' para centro de câncer em Manaus

Um grupo de médicos recorreu ao financiamento coletivo para manter um centro de oncologia ocular em Manaus, no Amazonas.

O Centro de Oncologia Ocular do Amazonas foi aberto no fim de 2013, com apoio da Fundação Champalimaud, uma instituição privada de Portugal. Na época, a fundação doou R$ 90 mil para compra de equipamentos e custeio das passagens e hospedagens de médicos voluntários, que viajam até a cidade para atender e operar pacientes com câncer de visão.

Em 2014, o Centro operou 84 pacientes. Em 2015, esse número caiu para 41. "No ano passado, já não tínhamos apoio de nenhuma instituição nem do governo. O Instituto da Visão, parceiro do Hospital São Paulo e da Escola Paulista de Medicina, bancou algumas passagens aéreas, e outros médicos viajaram por conta própria", explica Rubens Belfort Neto, chefe do setor de oncologia ocular do Departamento de Oftalmologia da Unifesp e um dos voluntários do grupo, que conta com nove médicos em São Paulo e uma em Manaus.

A região Norte não possui nenhum centro de oncologia ocular. Quando os oftalmologistas diagnosticam um paciente com câncer de visão, ele é enviado para outra região. "Em geral, são duas ou três idas à outra cidade antes da cirurgia, mais as visitas de acompanhamento. Isso aumenta muito os custos e o tempo entre o diagnóstico inicial e a cirurgia. É contraproducente", diz Belfort.

Ele calcula que em seu primeiro ano de atuação o Centro tenha gerado uma economia de R$ 400 mil para os cofres públicos.

O grupo pediu R$ 28.500 para arcar com a manutenção do centro por um ano. Ao final da campanha, nesta semana, arrecadaram pouco mais de R$ 46 mil.

"Vamos usar esse dinheiro para garantir o funcionamento do Centro por mais um ano e meio", explica Sabrina Cohen, oftalmologista voluntária que trabalha em Manaus e faz a triagem dos pacientes que precisam de tratamento oncológico.

Os custos calculados são baixos porque não incluem as despesas do prédio -o Centro funciona dentro da Fundação Piedade Cohen, mantida por Sabrina- nem dos médicos, que atuam de modo voluntário. "Só pedimos ajuda para custeio das passagens, hospedagem e manutenção dos equipamentos", explica Belfort.

Segundo os organizadores da vaquinha, um terço das doações vieram de médicos da Unifesp e 80% do valor arrecadado partiu do Estado de São Paulo.


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